Outros sabores

Ceviches, tiraditos, causas, ajís e variados pratos da culinária peruana conquistam a cidade

por Eduardo Tristão Girão 30/12/2011 07:00
Pedro David/Esp. EM/D. A Press
Ceviche servido no Restaurante Yakan, aberto este mês no Bairro Carmo (foto: Pedro David/Esp. EM/D. A Press)
Um ceviche aqui, um tiradito ali e a cozinha peruana segue ganhando espaço em Belo Horizonte. Agora são cinco os endereços (um deles já é filial do outro) que, declaradamente, apostam nela. Apesar de as batatas, milhos e outros ingredientes típicos do país andino continuarem impossíveis de encontrar por aqui, os chefs não desanimam e, cada um à sua maneira, encontra alternativas. Seja importando, substituindo e até mesmo plantando produtos – caso das essenciais pimentas, por exemplo. E quase todos contam com peruanos trabalhando na cozinha.

O mais novo deles, chamado Yakan, foi inaugurado dia 15 e segue fórmula semelhante ao do concorrente Inka, tendo no cardápio itens peruanos, japoneses e nikkei (estilo que funde os dois últimos). Não por acaso, o consultor das duas casas é o mesmo, o chef Beto Haddad, que recrutou Felipe Miranda para assumir o comando da cozinha. A seção peruana conta exclusivamente com ceviches e tiraditos (fatias de peixe com molhos típicos; cinco opções de cada). O ceviche de frutos do mar sai por R$ 35 (para uma ou duas pessoas).

“Íamos montar um japonês, mas o Beto mudou nossa ideia e hoje atendemos qualquer tipo de cliente”, conta Luiz Cláudio “Balda”, um dos proprietários do restaurante. Ele diz isso porque, além da parte japonesa tradicional, há pedidas nikkei (entre elas o uramaki de camarão empanado na farinha panko com abacate e molho de tiradito, R$ 29, oito unidades) e uma linha de massas orientais (lamen, somen, soba, udon) feitas no local, como a elaborada com casca de camarão e servida com o crustáceo e legumes (R$ 49, individual).
Aberta um dia depois, a segunda unidade do Inka, no Luxemburgo, tem cardápio parecido com a da primeira, que fica no Sion e foi aberta em setembro. No entanto, haverá mudanças a partir do mês que vem, quando o chef peruano Pierre Sablich, que também atuou como consultor da casa, virá definitivamente para Belo Horizonte e passará a comandar as duas cozinhas. Por enquanto, um único novo prato: releitura do tradicional chupe de camarão (tipo de cozido, com legumes, verduras, fava e ovo), apresentado na forma de arroz cremoso (R$ 49, individual).

Outras pedidas são o quinoto (risoto com quinoa) de camarão (R$ 49, individual), ceviches (entre R$ 28 e R$ 33, cada porção), causas (R$ 22, quatro unidades) e tiraditos (R$ 26, porção). “Por mais que essa cozinha esteja na moda, como é algo diferente para o nosso paladar, as pessoas estão se acostumando a ela aos poucos. É como ocorreu com os restaurantes japoneses, que há 20 anos não eram tão comuns por aqui”, observa Bernardo Haddad, proprietário do Inka.

Outra casa que deixou a renovação do cardápio para depois foi o Wari, inaugurado em agosto. Edgar, Guido e Julio, os três peruanos que chefiam a cozinha local, foram passar o fim do ano no país natal com a família, mas voltam semana que vem. Até segunda ordem, segue tudo como antes por lá, com ceviches (cerca de R$ 36, cada), tiraditos (R$ 28, cada), causas (purê de batata frio, temperado com limão e coberto com diversos ingredientes; cerca de R$ 25, cada) e pratos individuais. “Tem gente que ainda acha a comida peruana estranha, mas é por não conhecê-la”, diz Gilson Júdice, um dos proprietários da casa.

Quintal Desde novembro de 2010 recebendo até 60 pessoas no espaço gourmet de sua casa, a peruana Julieta Vigil organiza constantemente jantares e noites de ceviche mediante reserva por telefone. Morando há 30 anos na capital mineira, foi ao Peru aperfeiçoar suas técnicas de cozinha e hoje domina o preparo de ceviches, tiraditos, causas, ajís (receita cremosa de galinha ou camarão), carnes e arrozes. As pimentas (panca, amarillo e rocoto) são plantadas no quintal da casa dela. “Elas são o DNA da cozinha peruana. Têm sabor e ardor”, conta Julieta.
 
ONDE IR 
 
Inka
Rua Guaicuí, 533, 2º andar, Luxemburgo, (31) 3293-1461. Aberto de segunda a sexta, das 18h à 1h; sábado, das 12h à 1h; domingo, das 12h às 23h. Excepcionalmente, não abrirá amanhã e funcionará das 18h à 0h no domingo.

Vigil
Funciona apenas sob reserva: (31) 3441-4166 e 9188-4168. A programação retorna a partir da segunda semana de janeiro. 
 
Wari
Rua Marília de Dirceu, 226, Lourdes, 
(31) 3024-4300. Aberto diariamente, das 18h à 1h. Excepcionalmente, não abrirá amanhã.

Yakan
Rua Andaluzita, 13, Carmo. (31) 3024-4539. Aberto de terça a domingo, das 19h às 2h. Funcionamento normal durante o réveillon. 

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