Com cara de praia

Restaurante Atlantico, em Lourdes, renova cardápio com pratos leves, sem perder a tradição

por Eduardo Tristão Girão 25/11/2011 07:00
Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press
Receita caiçara, o lambe-lambe é para ser apreciado com descontração (foto: Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)
Uma das principais casas de peixes e frutos do mar de Belo Horizonte, aberta em 2008, o Atlantico entra em segunda fase com a chegada do paulista Rafael Cardoso, que assumiu a cozinha e apresenta novo cardápio esta semana. A especialidade continua a mesma, mas cerca de 80% dos itens foram renovados e as receitas que ficaram foram todas revisadas. Com passagem pelo D.O.M. (São Paulo), Mugaritz (Espanha) e por restaurantes da cidade galega de O Grove (que tem tradição de pesca), o chef aposta em preparações leves e precisão de cozimento.

Nascido e criado no interior paulista, teve contato desde cedo com produtos “da roça”. Aos 17, foi para São Paulo: sem desconfiar da existência da profissão de cozinheiro, descobriu o mundo dos restaurantes. Fez cursos de tecnologia em hotelaria e gastronomia e a temporada que passou na Europa foi, como ele gosta de dizer, uma “imersão rural, com campo e beira de mar”. Trabalhou com chefs estrelados, cozinhou em pequenas tabernas, participou de pescas e conheceu a produção de foie gras e queijo de cabra. Na volta, trabalhou com Paulo Martins (Lá em Casa, Belém) em seus últimos anos de atividade.

Até receber a proposta de Tomaz Gomide, um dos proprietários do Atlantico, Rafael era chef no restaurante Atacama, em Goiânia. “O cenário gastronômico de Belo Horizonte me impressionou. Sempre quis sair de São Paulo e nunca imaginei encontrar fora do eixo Rio-São Paulo um cenário que sustentasse restaurantes de grande porte”, confessa. Aos 32 anos, veio em definitivo com a família para a capital mineira, onde já fez amigos (muitos deles chefs em Lourdes) e começa a se familiarizar com o ambiente gastronômico.

Cronômetro “O que vou fazer é elevar a qualidade que os produtos da casa já têm. Vou diminuir a mão na manteiga e no alho, cronometrar tempos de cozimento, diminuir cremes, abusar de ervas e azeite e usar também cozimentos à vapor e pochê. A ideia é explorar essa cara de praia que o restaurante tem, sem a pessoa se sentir obrigada a almoçar ou jantar”, sintetiza o chef. Por esse motivo apostou nas entradas e petiscos, entre as quais há também tapas, um ceviche (que muda semanalmente) e um prato frio de peixes e frutos do mar servidos sobre gelo e com três molhos (R$ 250, para quatro a seis pessoas; só sexta e sábado).

Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press
O chef paulista Rafael Cardoso reforça a vocação da casa e aposta em técnicas contemporâneas (foto: Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D.A Press)
Para quem não quer pratos individuais, há pinxtos de polvo com batata e páprica (R$ 27), pé de porco dourado no azeite com camarões (R$ 25), casquinha de siri (com requeijão no fundo; R$ 14) e ostras (R$ 29, meia dúzia), que chegam vivas às terças e sextas. Já a degustação de grelhados na brasa sai por R$ 84 (para três pessoas) e inclui lula, polvo, cavaquinha, lagostins, camarão e trilha. Foge do comum o prato de mexilhões cozidos com arroz no próprio caldo, receita caiçara batizada de lambe-lambe de mexilhões (R$ 49, para duas pessoas), própria para ser comida com as mãos.

Como antes, há peixes, moluscos e crustáceos preparados na brasa, todos podendo ser escoltados por acompanhamentos variados. Entre os pratos, há massas, arrozes e receitas tradicionais, como paella, bacalhoada, bouillabaisse, moqueca capixaba e camarões à provençal. Destaque para o fetuccine com lagosta, tomate e azeitona grega (R$ 81) e o risoto de polvo, lula e sua tinta (R$ 69) – ambos individuais. Rafael também criou sobremesas, como o sagu em piña colada com morangos macerados (R$ 16).
 
Atlantico
Rua São Paulo, 1.984, Lourdes. 
(31) 3275-3384. Aberto de segunda a quinta, das 18h às 23h30; sexta e sábado, das 12h às 23h30; domingo, das 12h às 17h. 

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