“É um espetáculo bem emocional”, afirma o coreógrafo, contando que a montagem mexe profundamente com a memória afetiva das pessoas, até por trazer sucessos de Francisco Alves, Aracy de Almeida, Carmen Miranda, Lamartine Babo, Mário Reis e Silvio Caldas. Trata-se de um documentário a partir de pesquisa sobre a trajetória de Ary, que também foi radialista e político.
Para Décio, Ary Barroso pensou o país com a mesma filosofia do Ballet Stagium. “Quanto mais mexemos nas raízes do Brasil, mais universais ficamos”, diz, lembrando que o mineiro permanece ainda hoje como um dos grandes cronistas de sua época.
Otero explica que O canto da minha terra não traz ilustrações de um contexto, mas a interpretação de questões artísticas propostas por Ary, que tocam em temas como a memória cultural e social. “Para o Stagium, um bom espetáculo diverte e faz o espectador pensar sobre o que está vendo”, argumenta.
As dupla sertaneja Célia e Celma faz participação especial. As gêmeas foram vizinhas da família de Ary Barroso em Ubá, na Zona da Mata mineira, onde o compositor nasceu. “Elas fazem Canto da minha terra ganhar ainda mais forma como montagem que fala de raiz, de um lugar, de uma terra”, conta Otero.
O espetáculo comemora os 45 anos do Ballet Stagium, criado pelo casal Márika Gidali e Décio Otero em São Paulo. “Queremos mostrar para o nosso povo o quanto a dança é importante. E não só nos grandes teatros de veludo, mas em hospitais, escolas, periferias e presídios”, diz ele, defendendo a síntese entre arte e educação. “Ao contrário do que dizem os puristas, as duas coisas podem se misturar. Dança desenvolve disciplina, sociabilidade e trabalho em grupo”, conclui Otero.
O CANTO DA MINHA TERRA
Com Ballet Stagium e a dupla Célia e Celma. Neste sábado, às 21h. Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).