Projeto Simbio dá início a sua quinta edição, no Palácio das Artes

Artistas selecionados devem convidar um par para criar uma obra inédita

por Luiz Fernando Motta 26/01/2016 08:00
Jeff Santos/Divulgação
(foto: Jeff Santos/Divulgação)

No dicionário, a palavra simbiose é definida como uma associação entre dois seres vivos na qual ambos são beneficiados. Na exposição Simbio, aberta a partir de hoje até 21 de fevereiro no Espaço Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, a relação ecológica ganha um novo significado, desta vez adaptado à arte.

Para a quinta edição do projeto, foram convidados os artistas plásticos Aruan Mattos e Flavia Regaldo, o músico Barulhista, o fotógrafo João Castilho, o designer Shima, a bonequeira Cássia Macieira e o grafiteiro Warley Desali. Cada um deles, por sua vez, foi desafiado a convidar outros artistas para trabalhar em um objeto. O idealizador e diretor artístico Jeff Santos  explica que todos deveriam trazer nomes de áreas diferentes das suas. “O ponto primordial é que não se pode trabalhar sozinho. Eles têm que explorar um novo lado, sair da caixinha”, explica.

A obra Musicorama, do compositor Barulhista, é interativa e funciona como jogo de pinball em um fliperama. À medida que a esfera percorre a plataforma e bate nos objetos, sons que seguem uma escala harmônica são produzidos e vão compondo uma música de forma aleatória. A parte eletromecânica foi criada pelo pai do músico, o inventor Dida Cordeiro, e a concepção visual foi dos artistas Daniel Herthel e Chico de Paula.

“Quando fui convidado, pensei sobre de que sentia falta quando ia a uma exposição e concluí que deveria fazer alguma coisa direcionada às crianças. A altura do jogo foi pensada para os adultos poderem brincar sentados e os pequenos de pé”, conta. O músico diz ainda que a obra deve interagir com as outras na galeria. “É bem barulhento e vai funcionar como fundo sonoro para todas.”

De passagem, dos artistas Aruan Mattos e Flavia Regaldo, é uma ponte que passará por cima do portão trancado entre o Palácio das Artes e o Parque Municipal. Em parceria com o arquiteto e professor Adriano Mattos, o casal construiu uma estrutura de metal tubular, que lembra um brinquedo de parque. Embora os dois espaços sejam públicos, o portão que será transposto quase sempre fica fechado e só é aberto em alguns eventos.

PONTE
Os artistas partiram de negociações com as instituições e enfrentaram burocracia para instalar a ponte. “É muito comum as pessoas não saberem que o Palácio das Artes tem entrada franca. Os dois locais têm perfis bem distintos. Queremos convidar as pessoas a deixar de lado esse medo de passar de um para o outro”, diz Mattos.

As tentativas de negociação também são o ponto central de outra obra. Impasse, do fotógrafo João Castilho, é composta por diferentes partes, todas representando problemas de difícil solução. Uma escultura de cordas de concreto entrelaçadas foi feita em parceria com o engenheiro florestal Guilherme Malta e é inspirada na lenda do nó górdio, segundo a qual Alexandre, o Grande corta um nó considerado impossível de desatar usando uma espada.

Outra parte é um baixo-relevo em bronze mostrando crianças com uma arma. Feito em parceria com o escultor Genin, o registro é um momento de suspensão temporal extremamente tenso, onde a única saída possível para a catástrofe que se anuncia é o diálogo. “É a primeira obra que faço sem nenhuma fotografia, mas é tudo muito fotográfico. São questões muito próximas da tratada na obra da ponte entre o Parque Municipal e o Palácio das Artes. Nosso objetivo é criar reflexão sobre esses impasses”, afirma Castilho.

Estarão expostos ainda no Mari’Stella Tristão os trabalhos de Shima, em que o artista faz uma tentativa de se anular na obra, além de dois projetos que tratam da Ocupação Resiste Izidoro. A bonequeira Cássia Macieira fez um vídeo registrando a convivência dos moradores da ocupação e o artista plástico Wesley Desali pretende criar ambiências que tentarão levar um pouco da vida coletiva no local para dentro do Palácio das Artes.

 

5º SIMBIO
De hoje a 21/2. No Espaço Mari’Stella Tristão do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro). De terça a sábado, das 9h30 às 21h. Domingos, das 16h às 21h. Trabalhos de Aruan Mattos e Flávia Regaldo, Barulhista, Cássia Macieira, João Castilho, Shima e Warley Desali.  Entrada franca

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