Formandos do Cefart criam espetáculo sobre as razões que entrelaçam acontecimentos fortuitos

Peça '19:45' tem texto e direção assinados por Rita Clemente

por Eduardo Tristão Girão 04/12/2015 08:00
Paulo Lacerda/Divulgação
(foto: Paulo Lacerda/Divulgação)
Quantas vezes você já não se perguntou se determinado acontecimento era mesmo obra do acaso? Ou que outros fatores podem ter contribuído para que aquilo acontecesse justamente naquele lugar e ocasião? Perguntas como essas serviram de mote para os formandos do curso profissionalizante de teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, que apresentam a partir de hoje a peça 19h45!. Direção e texto são assinados por Rita Clemente. A entrada é franca.


No palco, a ação parte da batida entre um carro e uma bicicleta em plena Avenida Afonso Pena, com laranjas que se espalham pelo chão. Disso, histórias de 11 personagens que jamais imaginariam passar um pela vida do outro se entrelaçam na produção que marca a formatura dos alunos do Cefart. Ao centrar foco no acaso, a intenção é investigar esses pequenos acontecimentos do cotidiano e as ligações entre eles, ainda que aparentemente insignificantes.

“Ano passado, quis montar projeto sobre esse entrelaçamento com pessoas que a gente não conhece nem chega a conhecer. Fiz muitos estudos, inclusive de cena. Chamei originalmente de Bala perdida. Tinha pesquisa em torno do acaso, coincidência e pequenos acontecimentos que se dão sem que a gente tenha domínio sobre eles. Muitas vezes, o que nos acontece vem de outros acontecimentos, com outras pessoas. São coisas que vão se transformando pelo caminho”, diz Rita.

Com o desejo de continuar essa investigação com os alunos (11, ao todo; todos no palco), ela levou roteiro e boa parte do texto para eles. “Eles também contribuíram como criadores e isso modifica naturalmente o projeto. Mesmo assim, continuamos dentro do mesmo conceito”, afirma. Juntos, passaram por ciência, filosofia, voltaram à tal temática do acaso, desembocaram numa teoria de Jung sobre o assunto e, de quebra, esbarraram em Freud.

ORIGINAL

 

Os personagens foram determinados por Rita. “O estudo é coletivo e o dimensionamento das relações também. Quando estudamos uma cena, esperamos do ator um retorno criativo e isso ressignifica personagens e cenas já existentes, dando novos contornos e aprofundando certas coisas”, avalia. Os ensaios começaram em agosto passado e foi a primeira vez que os alunos trabalharam com um texto original, em vez de uma adaptação.

Boa parte da equipe é do Palácio das Artes, e a diretora trouxe parceiros externos para a produção, como Leonardo Pavanello (criação de luz), Márcio Monteiro (trilha sonora) e Antônio Melo (diretor-assistente). “O espetáculo tem estrutura dramatúrgica específica, com jogos de personagens que vão se completando e que permitem fazer o espetáculo girar em torno das interpretações dos atores. Eles conduzem a história, e não são conduzidos por ela. Talvez essa tenha sido minha maior contribuição aos alunos”, afirma a diretora.

19:45!
Peça com fomandos do Cefart e direção de Rita Clemente. De hoje a 20/11, no Teatro João Ceschiatti (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Horários: de quinta a domingo, às 19h45. Entrada franca. Informações: (31) 3236-7400.

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