Cinema, teatro e Tchekhov se encontram no palco do CCBB

Peça 'A brincadeira' marca estreia do cineasta Rafael Conde em produção teatral em montagem que fala sobre os limites do amor; curta-metragem dialoga com as cenas

por Carolina Braga 17/10/2015 07:00

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Quando os atores Maria Bonome e Rafael Protzner receberam o convite para trabalhar com o diretor de cinema Rafael Conde, ninguém se conhecia. Sabiam, no máximo, que era um cineasta mineiro. Mais nada. O encontro foi uma sugestão do diretor de teatro Júlio Vianna, o primeiro a topar a parceria para a criação de A brincadeira. O espetáculo, que fica em cartaz até 26 de outubro no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, investiga os limites entre o teatro e a sétima arte.

Também interessa à pesquisa a reflexão sobre os limites da ficção, motivo pelo qual Maria e Rafael se encaixaram nos papéis. Na vida real, são namorados há cinco anos. A intimidade era importante para o desenvolvimento da dramaturgia, inspirada no conto homônimo de Antón Tchekhov sobre as incertezas do amor.
Luís Abramo/divulgação
Em cartaz até dia 26, 'A brincadeira' terá cartas de amor do público lidas no palco (foto: Luís Abramo/divulgação)

“A gente virou um material para a criatividade do Júlio”, diz Maria. “Foi um processo muito maluco conhecê-los e iniciar um projeto juntos. Os dois diretores têm muita influência na peça”, conta Protzner.

A ideia da montagem surgiu durante o projeto de doutorado de Rafael Conde na área de artes cênicas. Apesar de ter trajetória no cinema, ele estudou as particularidades da interpretação teatral. O plano sempre foi tensionar os limites das duas artes. Por isso, há um curta-metragem dentro da peça e, por sua vez, uma peça dentro do filme.

A trama questiona até que ponto o amor é uma brincadeira. Assim, Maria e Rafael vão para o palco desafiando a plateia quanto ao horizonte de intercessões entre as próprias vidas e as dos personagens. No enredo do escritor russo, Ivan e Nádia descem de trenó a montanha coberta de neve. Durante a descida, ele sussurra no ouvido dela: 'Eu te amo'. A moça fica atônita e pede para repetir a brincadeira incontáveis vezes.


“Júlio conta com um jogo de interpretação no qual ajuda o fato de ser um casal que conhece todas as curvas um do outro, os defeitos e as belezas também”, comenta Rafael Protzner.

Todos os envolvidos no projeto assumem que se trata de uma investida totalmente experimental. Enquanto Conde cuidou do aspecto cinematográfico de A brincadeira, coube a Júlio Vianna a parcela teatral, com muito espaço para o improviso. A dramaturgia vem sendo construída a partir das experiências dos atores, guiados pela ficção de Tchekhov.

Histórias reais do público também comporão o texto do espetáculo. As pessoas foram convidadas, previamente, a participar, enviando cartas de amor que serão apresentadas no espetáculo. As correspondências fazem parte do jogo de improviso dos atores, que as lerão em cena pela primeira vez.

A brincadeira
Estreia neste sábado, 17 de outubro. Em cartaz até o dia 26. De quinta a segunda-feira, às 19h. Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, Funcionários. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

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