Teatro da Cidade, na Rua da Bahia, vai encerrar atividades

Anúncio foi feito pelo diretor do espaço, Pedro Paulo Cava, que cita como razões disputa na Justiça pelo local e falta de patrocínio

por Ailton Magioli 22/07/2015 08:53

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EULER JUNIOR/EM/D.A.PRESS
Pedro Paulo Cava, em seu Teatro da Cidade. Ele afirma já ter demitido os nove funcionários do espaço (foto: EULER JUNIOR/EM/D.A.PRESS)
O Teatro da Cidade, de propriedade do Grupo Teatro de Pesquisa, de Pedro Paulo Cava, vai paralisar as atividades no próximo dia 31 e, posteriormente, fechar definitivamente as portas da casa de espetáculos da Rua da Bahia, no Centro, coincidentemente no ano em que ela comemora 25 anos de fundação.


O anúncio foi feito por Cava, que aponta dois motivos para tomar a decisão, depois de demitir os nove funcionários do espaço. O primeiro deles é a existência de uma ação de credores na Justiça dos estados de Minas Gerais e de São Paulo, com o propósito de tomar os terrenos de terceiros nos quais foram construídos o teatro de 191 lugares, além de uma galeria de arte e um café.


Depois de 13 anos, a ação acabou resultando na indicação do imóvel para leilão público, o que o diretor do espaço conseguiu adiar por alguns anos, ainda que, por se tratar de um acordo de comodato, ele não tenha direito a usucapião, mesmo ocupando o espaço há 28 anos.


Em meio ao processo, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) concedeu parecer para tombamento do teatro, enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte reconhecia o mesmo como patrimônio imaterial do município.


Com a ação dos credores chegando ao final, Pedro Paulo Cava acredita que não valha a pena recorrer a instâncias superiores, enquanto uma comissão da PBH avalia, em paralelo, a possibilidade de desapropriação do imóvel ou sua troca com os credores.
Mantido por uma série de empresas, via Lei Rouanet, este ano o Teatro da Cidade não conseguiu aprovar o projeto de manutenção na lei federal, impossibilitando Cava de captar patrocínio para esse fim. Essa é a segunda razão pela qual ele se decidiu pelo fechamento do teatro.


Em sua trajetória, o Teatro da Cidade registra sucessos como o musical 'Mulheres de Holanda', do próprio Cava, além do também musical 'Samba, amor e malandragem', cuja temporada se estendeu de setembro do ano passado até março.

 

MINC
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o MinC (Ministério da Cultura), que enviou, por meio de sua assessoria de comunicação, a seguinte nota a respeito do pedido de patrocínio via Lei Rouanet feito pelo Teatro da Cidade:
"O projeto Teatro da Cidade – Manutenção e Funcionamento 2015 – Pronac 14 10607 foi apresentado ao Ministério da Cultura em setembro de 2014, com vistas à captação de recursos de renúncia fiscal via Lei Rouanet, para a manutenção das atividades artísticas do Teatro da Cidade. A proposta foi indeferida, em outubro de 2014, pelo não atendimento às diligências apresentadas.


Em novembro de 2014, o proponente apresentou pedido de reconsideração da decisão, o que foi acatado pela Funarte, entidade vinculada ao MinC responsável pela análise técnica de projetos da área de teatro, e pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC). No entanto, por conta de o imóvel em que o Teatro se situa estar em discussão judicial, a Funarte e a CNIC recomendaram encaminhamento à Consultoria Jurídica do Ministério da Cultura (Conjur), onde o projeto se encontra em análise. O procedimento é parte de um processo que busca garantir que o comprometimento do erário seja feito dentro de todas as regularidades exigidas".

 

Cena frágil

O fechamento de teatros em Belo Horizonte parece ter-se tornado rotina desde que o célebre Cine Metrópole, na Rua da Bahia, teve o terreno de sua antiga sede negociado para a construção de um banco, no início dos anos 1980, que resultaria na inauguração do Teatro Telemig, hoje Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, construído no edifício que hoje abriga o TJMG. O Klauss Vianna chegou a ter seu fechamento anunciado neste ano, numa decisão depois revista pelo Tribunal. De lá para cá, enquanto alguns espaços, como o Teatro da Praça, fecharam definitivamente as portas, outros, como o Teatro Icbeu, na mesma Rua da Bahia, sob a gerência de uma universidade particular, passaram a ser utilizados para outros fins – como os acadêmicos, nesse caso. Além de morosas reformas que deixaram os teatros Francisco Nunes e Marília (administrados pela prefeitura) inativos por longos períodos, a capital mineira assistiu, ainda, à paralisação das atividades do Teatro Clara Nunes (ex-Imprensa Oficial, pertencente ao estado), em 2009, e ao fechamento do Teatro Casanova, no 15º andar de um edifício na Av. Afonso Pena.



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