Peça de Aldri Anunciação fala da cultura do conflito que domina o mundo

Montagem utiliza futura guerra mundial para questionar a relação entre pessoas

por Carolina Braga 22/05/2015 09:02

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Márcio Meirelles/divulgação
Rodrigo dos Santos e Aldri Anunciação contracenam em O campo de batalha (foto: Márcio Meirelles/divulgação)
O ator e dramaturgo Aldri Anunciação tem especial atração pelo futuro. Isso não significa que ele faça ficção científica no palco. Principalmente porque suas tramas podem se passar em 2035, mas apresentam conflitos bem atuais. Em 'O campo de batalha', montagem que cumpre temporada em BH até junho, está em jogo a intolerância contemporânea.

“As pessoas estão entrando em conflito tanto por questões relevantes quanto pelas irrelevantes. Parece que a palavra de ordem de hoje é conflito”, afirma Aldri. A peça se passa em uma hipotética Terceira Guerra Mundial. Dois soldados inimigos se encontram em um momento peculiar: acabou a munição, não há mais material para produzi-la e as instâncias burocráticas estão reunidas para discutir o racionamento.

Enquanto a decisão não vem, recrutas são obrigados a conviver com o fato de não poderem se tornar amigos. “É uma espécie de 'Esperando Godot' no front”, define o dramaturgo, citando a obra de Samuel Beckett. Aldri divide a cena com Rodrigo dos Santos na montagem dirigida por Márcio Meirelles, do grupo baiano Bando Teatro Olodum. Lázaro Ramos e Fernando Philbert assinam a codireção.

RACISMO Lázaro dirigiu 'Namídia, não', o primeiro texto de Aldri a ganhar a cena. Também se trata de uma trama futurista, porém apresenta o racismo como motivo principal do atrito entre os personagens. 'O campo de batalha' dialoga com essa montagem por abordar conflitos entre os seres humanos.

Como autor do texto e pesquisador, Aldri teve o cuidado de procurar o equilíbrio para evitar tomar partido de um lado ou de outro. O resultado é a construção de uma dramaturgia quase matemática. A situação é posta – cabe ao espectador escolher de que lado vai ficar.

“Não queria colocar em cena uma verdade absoluta. Então, você não sabe dizer se Aldri é a favor ou contra. Todos os elementos são plausíveis, os personagens defendem suas posições de forma contundente e há até uma distribuição democrática das falas. Essa peça exercita o espaço do teatro como reflexão, mas é real o objetivo de ser educativo sem prescindir do entretenimento”, explica Anunciação.

Segundo ele, desde a primeira leitura, Márcio Meirelles se encantou com a possibilidade de dirigir a montagem. É ele o mestre do projeto, o responsável por ditar a encenação – por exemplo, o fato de a guerra de 'O campo de batalha' ser hipermidiática. As armas são câmeras. Coube a Lázaro Ramos e Fernando Philbert o trabalho detalhado com os atores.
 
O CAMPO DE BATALHA
Estreia nesta sexta em BH. Temporada até 29 de junho. De sexta a segunda-feira, às 20h. Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

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