Caricaturista da 'Charlie Hebdo' anuncia que deixará publicação em setembro

"Se eu vou embora é porque é difícil para mim trabalhar sobre a atualidade", acrescentou o autor da polêmica capa da revista trazendo uma caricatura do profeta Maomé

por AFP - Agence France-Presse 19/05/2015 09:45
AFP/Arquivos/Martin Bureau
Luz, cartunista da revista satírica francesa 'Charlie Hebdo', em Paris, no dia 13 de janeiro de 2015 (foto: AFP/Arquivos/Martin Bureau )
O emblemático cartunista da revista satírica francesa 'Charlie Hebdo', Luz, anunciou que deixará a publicação em setembro por falta de "inspiração", em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no site do jornal 'Libération'."Esta é uma escolha muito pessoal", disse ele, confirmando uma informação do site Mediapart. "Se eu vou embora é porque é difícil para mim trabalhar sobre a atualidade", acrescentou o autor da polêmica capa da revista trazendo uma caricatura do profeta Maomé após o ataque extremista em 7 de janeiro contra a publicação.

"Eu não consigo mais me interessar (...) Muitas pessoas tentam me incentivar, mas elas esquecem que o problema é a inspiração", acrescenta. Esta "reflexão sobre minha saída já vem há muito tempo", mas o caricaturista disse que após o ataque "continuou por solidariedade, para não deixar ninguém para baixo. Só que chega um ponto que fica muito difícil de suportar".

Após sua saída, ele deverá se dedicar aos "livros. Dar um tempo" e "reler a Bíblia", antes de acrescentar: "Não, eu estou brincando!". "Em poucos meses eu não serei 'Charlie Hebdo', mas eu sempre serei Charlie", resumiu Luz, que se tornou a estrela do jornal satírico. Ele assegurou que a sua decisão não tem nada a ver com as divisões internas vividas na revista há várias semanas.

Em abril, quinze funcionários - incluindo Luz - de um total de vinte, exigiu uma nova direção e e um estatuto de "trabalhadores acionistas", contestando o uso das doações recebidas desde o ataque em janeiro. Último incidente, um dos jornalistas da 'Charlie Hebdo', Zineb El Rhazoui, revelou na semana passada que foi chamado para uma reunião antes de sua demissão. A administração, no entanto, garantiu se tratar apenas de uma reunião para lembrá-lo de suas "obrigações" profissionais.

 

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