Leva o nome de 'Ater-se à terra' a exposição em cartaz na Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium, em que todas as peças são atravessadas por sutilezas, passagens entre a natureza e a tensão entre a exatidão e o devaneio formal. São trabalhos realizados neste ano pelas artistas Hortência Abreu e Janaína Rodrigues.
Hortência expõe objetos, e Janaína, pinturas. Juntas, elas assinam cinco vídeos. “A proposta é chamar para a observação das coisas”, explica Janaína Rodrigues, recomendando ao espectador deixar de lado a ansiedade e parar para contemplar as obras.
A mostra surgiu do desejo da dupla de trabalhar com o branco, cor de boa parte das obras. É uma evocação, observa Janaína, do vazio a ser preenchido. Nesse sentido, remete ao que é perecível, instável ou incompleto.
Esses aspectos são trabalhados na mostra por meio de peças que enfatizam a matéria, mas também com alegorias e documentários. Há pinturas de louças afogadas em grandes toalhas brancas. E pequenas folhas, pedras e conchas sobre grandes mesas. Vídeos mostram jarros em cerâmica sendo dissolvidos por rachaduras que se expandem ou dissolvidos na água.
As pinturas e fragmentos com tramas de tapete incompletas, de Janaína, como ela observa, valem-se de luz e texturas para remeter ao modo como o tempo desconstrói lembranças e gestos. As mesas com objetos, de Hortência, como ela conta, põem diante do espectador o impasse entre o desejo de reter memórias impossíveis de ser resgatadas.
O exemplo, aponta, pode ser a peça que veda o acesso a um livro por meio de quilos de sal. “Estou falando, também, de um lugar: a mesa de trabalho do artista”, acrescenta, referindo-se ao objeto que utiliza em todos os trabalhos.
As artistas, que vivem e trabalham em Belo Horizonte, são formadas pela Escola de Belas Artes da UFMG. Hortência Abreu graduou-se em gravura. Admira a colombiana Doris Salcedo, a brasileira Fernanda Gomes e o italiano Giuseppe Penone. “Inspira-me como eles trabalham não só a obra, mas o que está em torno dela”, observa.
Janaína Rodrigues é formada em pintura. Também admira a obra de Giuseppe Penone, além dos pintores Guignard e Cristina Canale. “São artistas que me fazem querer expeimentar mais, trabalhar mais”, conta.
A parceria na realização dos trabalhos começou em 2011, a partir de uma residência que fizeram em Diamantina (MG). “São trabalhos diferentes, mas ambas criando com a matéria das coisas”, observa Janaína.
Ater-se à Terra
Aquarelas, pinturas, objetos e vídeos de Hortência Abreu e Janaína Rodrigues. Galeria de Arte GTO (Av. Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3214-5350). De terça a domingo, das 9h às 21h. Até 10 de junho. Entrada franca.
Ao fundo, pinturas da série Mesa Branca, de Janaína Rodrigues, e, em primeiro plano, A durabilidade das coisas, objeto de Hortência Abreu, que estão na exposição Ater-se à terra
Hortência expõe objetos, e Janaína, pinturas. Juntas, elas assinam cinco vídeos. “A proposta é chamar para a observação das coisas”, explica Janaína Rodrigues, recomendando ao espectador deixar de lado a ansiedade e parar para contemplar as obras.
A mostra surgiu do desejo da dupla de trabalhar com o branco, cor de boa parte das obras. É uma evocação, observa Janaína, do vazio a ser preenchido. Nesse sentido, remete ao que é perecível, instável ou incompleto.
Esses aspectos são trabalhados na mostra por meio de peças que enfatizam a matéria, mas também com alegorias e documentários. Há pinturas de louças afogadas em grandes toalhas brancas. E pequenas folhas, pedras e conchas sobre grandes mesas. Vídeos mostram jarros em cerâmica sendo dissolvidos por rachaduras que se expandem ou dissolvidos na água.
As pinturas e fragmentos com tramas de tapete incompletas, de Janaína, como ela observa, valem-se de luz e texturas para remeter ao modo como o tempo desconstrói lembranças e gestos. As mesas com objetos, de Hortência, como ela conta, põem diante do espectador o impasse entre o desejo de reter memórias impossíveis de ser resgatadas.
O exemplo, aponta, pode ser a peça que veda o acesso a um livro por meio de quilos de sal. “Estou falando, também, de um lugar: a mesa de trabalho do artista”, acrescenta, referindo-se ao objeto que utiliza em todos os trabalhos.
As artistas, que vivem e trabalham em Belo Horizonte, são formadas pela Escola de Belas Artes da UFMG. Hortência Abreu graduou-se em gravura. Admira a colombiana Doris Salcedo, a brasileira Fernanda Gomes e o italiano Giuseppe Penone. “Inspira-me como eles trabalham não só a obra, mas o que está em torno dela”, observa.
Janaína Rodrigues é formada em pintura. Também admira a obra de Giuseppe Penone, além dos pintores Guignard e Cristina Canale. “São artistas que me fazem querer expeimentar mais, trabalhar mais”, conta.
A parceria na realização dos trabalhos começou em 2011, a partir de uma residência que fizeram em Diamantina (MG). “São trabalhos diferentes, mas ambas criando com a matéria das coisas”, observa Janaína.
Ater-se à Terra
Aquarelas, pinturas, objetos e vídeos de Hortência Abreu e Janaína Rodrigues. Galeria de Arte GTO (Av. Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3214-5350). De terça a domingo, das 9h às 21h. Até 10 de junho. Entrada franca.
Ao fundo, pinturas da série Mesa Branca, de Janaína Rodrigues, e, em primeiro plano, A durabilidade das coisas, objeto de Hortência Abreu, que estão na exposição Ater-se à terra