Luis Fernando Verissimo, Ziraldo e Zuenir Ventura inspiram musical

Espetáculo em cartaz no Rio de Janeiro dá roupagem ficcional a histórias vividas pelos escritores Luis Fernando Verissimo, Ziraldo e Zuenir Ventura depois de seus 70 anos

por Ana Clara Brant 12/04/2015 15:20

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Caio Gallucci/Divulgação
Susana Vieira interpreta produtora que tenta dar ordem ao caos criativo de três autores em 'BarbarIdade' (foto: Caio Gallucci/Divulgação)
Luis Fernando Verissimo, de 78 anos, Ziraldo, de 82, e Zuenir Ventura, de 83. Esse trio de amigos com anos bem vividos inspirou a realização de 'BarbarIdade', musical cujo enredo é a velhice, que estreou no mês passado, no Rio de Janeiro.

“A velhice está na moda. Pelo jeito, o Brasil está descobrindo que não somos um estorvo”, afirma Zuenir. Aniela Jordan, produtora do espetáculo, conta que a ideia de abordar o tema surgiu há três anos. Quando decidiram convidar os três escritores, não foi somente porque se tratava de pessoas “renomadas, importantes e inteligentes”, mas, sobretudo, porque são exemplos de indivíduos que encaram a velhice de uma maneira positiva.

“Eles são animados, trabalham, não deixam a peteca cair. Querem sempre viver mais. O velho não se sente velho. Tanto é assim que os atores que fazem parte do elenco da peça são um exemplo de vitalidade, como a Susana Vieira de 72 e o Osmar Prado de 67, só para citar dois”, afirma ela.

'BarbarIdade' narra a história de três autores, interpretados por Edwin Luisi, Osmar Prado e Marcos Oliveira, contratados para escrever um musical sobre a terceira idade. A graça do enredo é que eles não sabem nada sobre o assunto. Em meio a um problema aparentemente insolúvel, os escritores recebem a visita de Matusalém (Thais Belchior), a personagem mais velha do mundo, que vai ajudá-los na missão literária.

IMPLACÁVEL Susana encarna uma engraçada e implacável produtora teatral, responsável por lidar com a confusão e por tentar acalmar os ânimos do diretor, papel de Guilherme Leme Garcia. “O musical é inspirado em muitos causos que ocorreram com o Ziraldo, o Verissimo e o Zuenir. É uma grande comédia, mas tem muita coisa real. E isso acaba atraindo todo tipo de público, não só as mais idosos”, pontua Aniela.

O mineiro (de Além Paraíba) Zuenir Ventura ficou entusiasmado com o projeto, que tem direção de José Lavigne, e que não deixa de ser uma homenagem ao trio. Segundo Zuenir, o objetivo da produção é que fosse algo pra cima, que não tratasse a velhice como uma coisa negativa. “Não é um oba-oba simplesmente. Envelhecer tem os seus problemas, claro, mas o importante de tudo não é a velhice, é a saúde. Sou um velho de quase 84 anos e me sinto muito bem, curto a vida de maneiras diferentes de quando era jovem. Tenho meus netos, que são uma maravilha”, afirma.

Zuenir admite que chegou a ter crises com alguns ritos de passagem para a maturidade, como relatou na crônica 'Um idoso no Detran', em que descreve como foi chegar aos 40, aos 50, aos 60 e até aos 65. “Tudo aquilo é verdade. Nunca passou pela minha cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de ‘idoso’, ainda mais numa fila do Detran. Mas depois aquilo passou. Quando fiz 80, se eu soubesse que era tão bom teria feito antes”, brinca.

Para o autor de '1968: O ano que não terminou', o melhor de envelhecer é ganhar mais paciência, tolerância, serenidade e não ter tanta pressa de viver. “Acho que essa descoberta dos mais velhos é até tardia, porque é uma faixa etária importante em todos os aspectos. O país está envelhecendo, ficando de cabelos brancos, então tem que prestar atenção nisso. E, se formos analisar, a velhice ainda é a melhor opção, porque a outra alternativa é a morte.”

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