Mostra 'A ocupação: arte viada no centro! reúne espetáculos sobre gênero e sexualidade

Programação ainda terá debates e vai até 1º de abril, no Teatro Espanca

por Carolina Braga 24/03/2015 08:00

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JAIR AMARAL/EM/D. A. PRESS
Ed Marte, Ana Luisa Santos, Lira Ribas, Marcela Persichini, Alexandre de Sena e Willian Douglas, que participam da mostra 'AFAZER queer' ou 'A ocupação: arte viada no centro!' (foto: JAIR AMARAL/EM/D. A. PRESS)
Como o termo queer vem do inglês, para que não houvesse barreiras de entendimento, a opção foi traduzi-lo. Sem meias palavras. Queer se transformou em “viada” no evento 'AFAZER queer' ou A ocupação: arte viada no centro!, que começa nesta terça-feira e vai até 1º de abril, no Teatro Espanca.


A mostra reúne trabalhos que tenham relação com a discussão política sobre gênero e sexualidade, mas que, como expressão artística, ultrapassem essa dimensão da discussão de ideias contemporâneas. A iniciativa remete ao movimento queer, que ganhou relevo nos Estados Unidos na década de 1980.

“Vamos discutir a arte viada e questionar o status quo da heteronormatividade”, diz o ator Igor Leal, idealizador da mostra. Com interesses pessoais e acadêmicos em torno do tema, ele criou, no ano passado, durante o carnaval, o movimento Um beijo no seu preconceito. O resultado foi melhor do que esperava.

A partir daí, Leal decidiu promover o debate sobre o fazer queer em Belo Horizonte. 'A ocupação: arte viada no centro!' congrega artistas que têm refletido sobre o tema. “A arte negocia com a sociedade o que pode ser dito, tanto na cena como fora dela. Por isso, quando falamos de uma arte viada, estamos falando também de algo marginalizado. Não só de um debate, mas de uma linguagem”, afirma Leal.

Com performances, shows de drags, espetáculos teatrais e, sobretudo, debates, o evento pretende celebrar a diversidade. Leveza e humor são bem-vindos, ainda que o objetivo não seja fazer rir. Exemplos: Ed Marte preparou performance sobre as transgressões políticas que o corpo carrega, enquanto o argentino Lucas Martinelli explora a personagem de Evita em uma abordagem queer.

O espetáculo 'Não conte comigo para proliferar mentiras', com direção de Alexandre de Sena e Igor Leal e Will Soares no elenco, propõe rearticulações entre as categorias masculino/feminino, negro/branco e rico/pobre. Os artistas pretendem chamar a atenção para a prevalência de normas, mesmo no campo estético, que deixam de reconhecer o fazer artístico do universo queer, categorizando-o como uma expressão alternativa ou marginal.

“Acho que é um assunto muito mais abrangente do que as pessoas tendem a achar”, afirma Lira Ribas, parceira de Gabriela Domingues no coletivo Ácida Queen. Elas defendem uma manifestação pouco comum no Brasil: as folk queens, ou seja, mulheres que se vestem de drag queens.

É também objetivo da mostra incentivar o pensamento sobre a sexualidade em contextos e espaços diferentes. “Não é pensar uma cultura identitária, mas uma que questione como a cultura da cidade se constrói”, diz o idealizador. Estranhamento e provocações são elementos intrínsecos à dinâmica dos espetáculos. Os seus realizadores sabem que essa é uma aposta de risco  – o efeito pode ser o de conquistar o público ou de afastá-lo ainda mais.

Mas como a ideia é ampliar a discussão, o palco será montado dentro do Teatro Espanca, com o proscênio voltado para a rua. Ou seja, o público ficará no passeio da Rua Aarão Reis, nas imediações do Viaduto Santa Tereza.

Para Leal, mesmo que a temática LGBT hoje esteja cada vez mais presente na mídia, o debate ainda é mínimo. “A norma ainda é heterossexista e machista. As pessoas podem saber de uma visibilidade LGBT, mas isso não quer dizer que haja uma virada cultural ou política desses corpos no espaço”, avalia.

Resumindo em uma frase o que AFAZER queer ou A ocupação: arte viada no centro! quer dizer com seus muitos espetáculos e debates, Leal aponta: “Sexo é político o tempo todo”.


PROGRAMAÇÃO
Terça

20h – Vivita, performance de Lucas Martinelli (Argentina)

Quarta
20h – Por uma performance queer ou o direito aos grandes lábios, com Ana Luísa Santos (MG); Casa corpo, com Ed Marte (MG)

Quinta
20h – Espetáculo Não conte comigo para proliferar mentiras (BH/MG) e bate-papo com Nina Caetano (Ufop)

Sexta
20h – Espetáculo Não conte comigo para proliferar mentiras (BH/MG) e bate-papo com Marcos Alexandre (UFMG); O homem na estrada, novo show de Wil La’Queer

Sábado
20h – Noite Queen Queer com apresentação de Kayete e Igor Leal, show com as drags Cristal Lopez, Ronny Estives, Maicon Sipriano, Marcelo Marques e Ácida Queens; Lançamento do Rap DizTRAVA

Domingo
14h – Exposição fotográfica Imagem Queer
19h – Exibição do filme Nova Dubai, de Gustavo Vinagre

» Programação completa no www.espanca.com.br

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