Ballet Jovem Palácio das Artes é extinto

Decisão de pôr fim à incubadora de talentos surpreende bailarinos e a direção do grupo. Fundação Clóvis Salgado alega falta de recursos para manter a companhia

por Carolina Braga 05/03/2015 08:59

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Rodrigo Mendes e Daniel Moreira/divulgação
'Contracapa', coreografia de Cassilene Abranches, que o Ballet Jovem Palácio das Artes estreou em 2009 (foto: Rodrigo Mendes e Daniel Moreira/divulgação)
Ontem de manhã, quando os bailarinos do Ballet Jovem Palácio das Artes chegaram para trabalhar, receberam a notícia: a companhia não existe mais. A decisão foi comunicada à equipe pelo novo comando da Fundação Clóvis Salgado (FCS). “Foi uma coisa repentina. A justificativa foi falta de verba”, contou, consternada, Andreia Maia, diretora artística do grupo. “Dentro do montante do orçamento, a folha de pagamento é pequena e tentei propor alternativas”, informou ela. A proposta não foi aceita.


Em nota, a Fundação Clóvis Salgado, presidida por Augusto Nunes-Filho, informa que planeja profunda reformulação das atividades do Centro de Formação Artística (Cefar) e promete um novo Programa de Extensão Curricular. O Ballet Jovem era um dos projetos da Diretoria de Ensino do Cefar. Como não se trata de corpo artístico mantido pelo estado, a companhia dependia de recursos viabilizados por mecanismos de incentivo à cultura, como ocorre com grande parte dos projetos culturais do país.

“Infelizmente, apesar dos nossos esforços, não houve captação de recursos suficientes para a manutenção desse projeto”, informa a nota oficial da FCS. O Ballet Jovem reunia 30 jovens bailarinos, entre 16 bolsistas e trainees.

Há oito anos em atividade, o grupo se tornou uma das principais incubadoras de talento na área da dança. Formou cerca de 120 bailarinos – 35 deles trabalham em companhias profissionais de vários estados, como Grupo Corpo, Balé da Cidade de São Paulo, Cia. de Diadema, Sesc Cia de Dança, Balé Teatro Castro Alves, Quasar Cia. de Dança e Balé do Teatro Guaíra, além da própria Cia. de Dança Palácio das Artes, vinculada à FCS.

Dois artistas formados pelo Ballet Jovem atuam profissionalmente no exterior: no Ballet Black, em Londres; e na Baltic Dance Theater Opera Baltycka, em Gdansk, na Polônia.

FACEBOOK “Mais uma vez, nós nos sentimos imensamente tristes diante do descaso, quando se decepa o direito de dar continuidade à nossa formação profissional em dança e o ingresso no mercado de trabalho. As explicações são já conhecidas, falta de verba, falta de espaço e falta de apoio, entre outros”, diz a nota publicada pelos bailarinos na página da companhia no Facebook.

A equipe do Ballet Jovem Palácio das Artes era formada por dançarinos a partir de 15 anos. “Dancei no Municipal de São Paulo durante 22 anos tentando fazer esse tipo de projeto. Normalmente, o bailarino sai da escola sem a noção do que é uma companhia profissional. O Ballet Jovem é uma estrutura que já deu certo. Deveria ser mantida durante a crise, em vez de ser eliminada”, protesta Andrea Maia. O principal objetivo do grupo é a formação e a inserção do artista no mercado.

Desde 2007, o Ballet Jovem conquistou prêmios em quase todas as categorias dos prêmios Sesc/ Sated e Usiminas/ Sinparc, os mais importantes de Minas Gerais. Entre elas estão maior público, melhor bailarino, melhor bailarina e revelação.

Na edição deste ano da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, o grupo apresentou os espetáculos 'Notório e Tradicional'.

 

DECLARAÇÕES

 

“Apesar dos nossos esforços, não houve captação de recursos suficientes para a manutenção desse projeto”
• Nota da FCS

“Mais uma vez, nós nos sentimos imensamente tristes diante do descaso”
• Manifestação dos bailarinos no Facebook

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