MAC de Niterói fecha para 'manutenção emergencial'

Comunicado dá mostras dos problemas que levaram o colecionador João Sattamini a não renovar o seu contrato com a instituição

por Fernanda Machado 03/03/2015 08:00

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Reprodução/ macniteroi.com.br
(foto: Reprodução/ macniteroi.com.br)
O site do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) publicou na última sexta-feira o seguinte aviso: “Prezados visitantes, informamos que o museu encontra-se, temporariamente, fechado à visitação por motivo de manutenção emergencial. O pátio e a loja do museu continuam abertos ao público. Lamentamos o inconveniente e agradecemos a compreensão. Direção”.

O comunicado dá mostras dos problemas que levaram o colecionador João Sattamini a não renovar o seu contrato com a instituição. A informação foi dada pelo jornal O Globo.  Segundo o MAC, o museu, uma obra de Oscar Niemeyer, ficará pelo menos três meses fechado para reformas. A instituição foi criada em 1966 pela Prefeitura de Niterói para abrigar a Coleção Sattamini, que reúne cerca de 1.400 obras de mestres como Lygia Clark, Franz Krajcberg e Helio Oiticica.

O museu anuncia uma “reforma inédita, que vai incluir, além do ar-condicionado, melhorias como a troca do piso, acessibilidade, nova iluminação”. Ainda de acordo com o MAC, essa reforma já estava prevista para a comemoração de seus 20 anos, em 2016. Mas reconhece: “São 18 anos sem investimento, além da falta de vontade política para a construção de uma reserva técnica compatível com a importância da Coleção João Sattamini”.

Comprovando os problemas recorrentes, no dia 13 de fevereiro, o mesmo site informava: “O Museu de Arte Contemporânea de Niterói se encontra fechado devido a uma sobrecarga no sistema de ar-condicionado”. E no dia 19: “Prezados visitantes, informamos que, por motivos emergenciais de manutenção, estamos fechados. Lamentamos a todos pelos inconvenientes. Agradecemos a compreensão. Direção”.

De acordo com o colecionador, o contrato de empréstimo de suas obras para o museu foi renovado pela última vez em 2010 e venceu “há cerca de 60 ou 90 dias”. O mau estado de conservação do MAC é o principal motivo da não renovação do acordo, segundo Sattamini.

“O contrato tem cláusulas a que eu devo me ajustar e a prefeitura também. Ela assumiu o compromisso de manter o museu bonito, limpo, e ele não está. Os tapetes estão rasgados, o ar-condicionado pifou”, afirma o colecionador, para quem a atitude de não renovar é menos uma decisão definitiva e mais um modo de pressionar o atual prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, a cumprir o contrato.

“Quero uma manifestação da prefeitura de que a coleção é importante para Niterói. Eles não fazem nada, o que significa que não estão interessados em manter o que é deles. Eles têm de se mexer.” Em agosto, Sattamini já havia se queixado publicamente das más condições das reservas técnicas do museu, que abriga suas obras, que estariam mal acondicionadas e sem seguro. Alertou para os defeitos do ar-condicionado, que prejudica a climatização da reserva técnica, pondo a sua coleção em risco.

Ele isenta de responsabilidade os funcionários do MAC. “As museólogas são ótimas, de uma dedicação tremenda, assim como o diretor.” E cita a Pinacoteca de São Paulo como exemplo a ser seguido: “É um primor de administração”. “Não quero assinar um novo contrato e manter a mesma situação. Não tem condição de levar mais quatro anos nessa enrolação.”

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