Michelle Ferreira apresenta 'Desmemória América Latina' na Funarte MG

Espetáculo faz parte da programação do projeto 'BH in solo'

por Walter Sebastião 21/11/2014 08:00

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OMAR ZEPEDA / Divulgação
(foto: OMAR ZEPEDA / Divulgação)
Foi o sonho de fazer um espetáculo sobre a América Latina que levou a atriz Michelle Ferreira ao livro 'Memória do fogo', do uruguaio Eduardo Galeano. Valeu-se, então, dos diferentes modos (poemas, ensaios, crônicas) usados pelo escritor para dar vazão a perguntas e a questões que a incomodava, seja por que sabemos pouco sobre nós mesmos ou o motivo de o Brasil cultivar identificação com a Europa e os Estados Unidos e desconhecer países vizinhos. O resultado das especulações de Michelle Ferreira está no solo 'Desmemória América Latina', que ela apresenta domingo, às 19h, no Galpão 3 da Funarte. A apresentação integra o projeto 'BH in solo'.


'Desmemória...', explica Michelle Ferreira, não apresenta uma história linear nem tem personagens. Coloca no palco questões culturais, políticas e econômicas, além de figuras (o ditador, o artista, a trabalhadora, o narrador) e o discurso de cada um deles. Tudo isso somado a projeções de imagens e canções de Mercedes Sosa a Caetano Veloso. “Deixo que o espectador tire suas conclusões”, acrescenta. É um espetáculo que valoriza os textos. “Sou atriz da palavra, que gosta de trabalho de voz aprofundado”, observa Michelle. O texto joga, inclusive, com duas línguas – o português e o espanhol. “Estou falando de afinidades e distâncias entre culturas”, justifica.

“Procuro entender a América Latina, não dar respostas”, conta Michelle. “Temos mais semelhanças do que diferenças”, avisa. Ditaduras, violência, corrupção, enormes diferenças sociais são pontos comuns. Acrescente-se a memória curta, o sentimento de inferioridade que leva a imitar outras culturas e a não dar valor ao que é próprio. “O grande dilema é o não questionamento desses aspectos”, afirma, explicando que gostaria de quebrar essa rotina. “É papel do teatro questionar, tirar as pessoas do lugar-comum. Em espetáculos solo, esse aspecto fica ainda mais potente”, garante.

A montagem tem direção do mexicano Rodolfo Guillén, do grupo Teatro Exceso y Outras Patologias. Foi desenvolvida no México, no âmbito de residência artística, onde também estreou. “Guillén, por ser de outra nacionalidade, trouxe olhar que contribuiu para o que me interessava discutir. Não queria que Desmemória... fosse só a minha visão, procuro ser imparcial”, explica.

Michelle Ferreira tem 34 anos e com Lucilene França forma o grupo Flores de Jorge Cia. Cênica, criado em 2007. A proposta delas é trabalhar questões sociais e políticas, com diferentes estéticas e sem ser panfletárias.

Até domingo

'Desmemória América Latina' encerra a edição de 2014 do projeto 'BH in solo', dedicado, como o título indica, a diferentes possibilidades de encenações com um único ator. Nesta sexta, será apresentado, às 20h, 'Bestiário', com Vinícius Dantas. Sábado, no mesmo horário, tem 'A projetista', com Dudude Hermann. O primeiro coloca em cena um mestre de cerimônias tentando desempenhar sua função depois de uma tragédia; o segundo é relato sobre burocracia que se interpõe entre sonhos e realizações.

BH in solo
Hoje, às 20h, Bestiario, com Vinícius Dantas; amanhã, às 20h; A projetista, com Dudude Hermann; domingo, às 19h, Desmemória América Latina, com Michelle Ferreira.Funarte/MG, Galpão 3, Rua Januária, 68, Floresta, (31) 3214-3258. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Informações: www.bhinsolo.com.br.

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