Zuenir Ventura é eleito para a vaga de Ariano Suassuna na Academia Brasileira de Letras

Escritor e jornalista mineiro passa a ocupar a cadeira que tem como patrono o poeta Araujo Porto-Alegre

por Bossuet Alvim 30/10/2014 17:17

BEL PEDROSA/Divulgacao
Aos 83 anos, escritor e jornalista acumula prêmios pela atuação nos dois caminhos (foto: BEL PEDROSA/Divulgacao )
O jornalista e escritor mineiro Zuenir Ventura foi eleito nesta quinta-feira, 30, à Academia Brasileira de Letras. O autor de '1968: O ano que não terminou' ocupará a cadeira que foi do poeta e dramaturgo Ariano Suassuna, morto no último mês de julho. À véspera da eleição, Ventura já havia comentado sobre a honra de ser incluído entre os imortais da ABL. "É uma consagração dos pares", comentou o artista em entrevista à EBC.

 

Zuenir elogiou a Academia, que aponta como instituição "que se renova sem trair a tradição, sem romper com a tradição". Além do escolhido, concorriam à vaga os autores Thiago de Mello e Olga Savary. A indicação de Ventura à cadeira 32 obteve votos de 35 membros da ABL — 18 acadêmicos votaram presencialmente e outros 19 por cartas. Mello e Savary conseguiram um voto cada.

 

Nascido em 1931 na cidade de Além Paraíba, na Zona da Mata mineira, Zuenir Ventura deu os primeiros passos no jornalismo como arquivista, em 1956. No início da década de 1960, ampliou seus conhecimentos sobre a profissão em Paris graças a uma bolsa de estudos. De volta ao Brasil em 1963, atuou em diversos cargos por várias redações, entre as quais constam Correio da Manhã, Fatos & Fotos, O Cruzeiro e Visão. Ao fim dos anos 1970 passou a comandar a redação da revista Veja e, anos mais tarde, exerceu a mesma função na IstoÉ. 

 

O sucesso '1968: O ano que não terminou' foi publicado em 1988 e já vendeu mais de 400 mil exemplares em 48 edições. O livro inspirou a minissérie 'Os anos rebeldes' (Globo) e o longa 'O homem que disse não', do francês Olivier Horn. Conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo e o Prêmio Vladimir Herzog com a série de reportagens 'O Acre de Chico Mendes', veiculadas pelo Jornal do Brasil em 1989. O livro-reportagem 'Cidade partida', de 1994, rendeu-lhe um Prêmio Jabuti de Reportagem.

 

Voltou a abordar os anos de ditadura militar no Brasil em obras posteriores, retornando ao romance em sua publicação mais recente, 'Sagrada família'. Recebeu troféu especial da Organização das Nações Unidas em 2008, apontado pela ONU como "um dos jornalistas que mais contribuíram para a defesa dos direitos humanos no país nos últimos 30 anos". Casado há 51 anos com MAry Ventura, tem dois filhos, Elisa e Mauro.

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