'Tríptico Samuel Beckett' reúne monólogos do autor islandês com Nathalia Timberg no elenco

Belo Horizonte recebe montagem que adaptou novelas de vencedor do Nobel de Literatura

por Walter Sebastião 24/10/2014 09:34

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Rafael Avancini/divulgação
'Mal visto mal dito', apresentado por Nathalia Timberg, traz uma mulher próxima da morte (foto: Rafael Avancini/divulgação)
A vida observada pelo olhar de uma criança, de um adulto e de uma pessoa idosa. Mote do espetáculo 'Tríptico Samuel Beckett', com direção de Roberto Alvim, que vai ser apresentado neste sábado, 25, às 21h, e domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil Vallourec. Com elenco de atrizes respeitadas (Nathalia Timberg, Juliana Galdino e Paula Spinelli), apresenta textos de um dos mais importantes escritores do século 20, o irlandês Samuel Beckett (1906-1989). Dramaturgo considerado um dos criadores do chamado de teatro do absurdo, o artista ganhou em 1969 o Prêmio Nobel de Literatura.

A montagem coloca no palco três novelas de Samuel Beckett construídas com monólogos. 'Companhia', com Paula Spinelli, mostra a perplexidade de uma criança diante da vida. 'Para o pior avante', solo de Juliana Galdino, pontua crises e questões da vida adulta, “em momento em que estamos distantes da infância e da velhice”.

 

'Mal visto mal dito', apresentado por Nahalia Timberg, traz uma mulher idosa, próxima da morte, avaliando o sentido da vida. Atrizes diferentes, explica o diretor, mostram uma mesma vida. “É uma mulher, mas não específica. Um aspecto notável dos textos de Beckett é conseguir que suas figuras personifiquem toda a humanidade”, afirma Roberto Alvim.

“Não há um tom nas interpretações, mas variadas intensidades – êxtase, alegria, desespero, felicidade, perplexidade, fragilidade. Tem de tudo”, conta Roberto Alvim. “A beleza da escrita de Samuel Beckett está no modo como ele constrói trajetórias, lugares. Ele não conta histórias ou analisa personagens, apresenta paisagens de sensações”, argumenta. A direção valoriza o texto mas “não impõe encenação às palavras”, explica o diretor. “Gosto de ouvir as palavras e deixar que elas contaminem a sensibilidade e guiem o espetáculo”, acrescenta, garantindo, que “tudo está na arquitetura do texto”.

Rafael Avancini/divulgação
'Companhia', com Paula Spinelli, mostra perplexidade de uma criança diante da vida (foto: Rafael Avancini/divulgação)

Roberto Alvim vê nas novelas, até por serem obras escritas no final da vida do autor, o testamento artístico e existencial de Samuel Beckett, síntese de fundamentos de toda a obra. Aspectos como a subtração de elementos do drama (narrativa, conflito, ideias tradicionais do que são personagens etc.), buscando ficar só com o mínimo necessário para que a cena ocorra. “Ou a dedicação a motivos como a falta de sentido da vida, o confronto com a finitude e a morte e reflexões sobre ideias criadas ao longo da caminhada humana para justificar a existência, “sobretudo a de Deus”, observa o diretor.

É a primeira vez que Roberto Alvim dirige texto de Samuel Beckett. “Sabia que teria de enfrentá-lo, ele é um autor incontornável”, afirma. “É um dos maiores escritores de todos os tempos, criador absolutamente singular”, diz. Um autor – acrescenta – que, com suas criações, investigou o ser humano “de modo que nenhum outro, antes dele, havia feito”.

A montagem é do grupo do diretor, o Club Noir, criado em 2006. “A proposta é encenar, sobretudo, autores contemporâneos, embora façamos também clássicos em espetáculos que procuram um teatro de invenção”, afirma, sinalizando interesse “por novos procedimentos cênicos”.

Muito prazer
“Foi um convite e ele foi irrecusável.” É assim que Nathália Timberg fala sobre a decisão de encenar Tríptico Beckett ao lado da Club Noir. “É uma experiência incrível à medida que você imagina que Beckett é um autor difícil de entendimento imediato. Não é raso. É uma grande oportunidade”, afirma atriz, fã confessa da dramaturgia do irlandês. “Tenho tido muito prazer em fazer esse espetáculo. O Alvim tem uma sensibilidade incrível”, elogia Timberg. (Carolina Braga)

TRÍPTICO SAMUEL BECKETT
Direção de Roberto Alvim, com Nathalia Timberg, Juliana Galdino e Paula Spinelli. Sábado, 25 de outubro, às 21h; domingo, 26, às 19h. Grande Teatro do Cine Theatro Brasil Vallourec, Rua Carijós, 258, Centro, (31) 3201-5211. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Classificação livre.

MAIS SOBRE E-MAIS