Leva o nome de Jardim morto o projeto do arquiteto mineiro Carlos Teixeira que está sendo apresentado no 15º International Garden Festival de Metis, em Quebec, no Canadá. A peça reúne 60 troncos e ocupa área de 200 metros quadrados. A umidade faz florescer musgos e líquens na superfície da madeira.
“Feita com lixo vegetal, a obra transforma troncos mortos em catalisadores de uma nova vida, expandindo a ideia de paisagismo”, explica Teixeira. Com o objetivo de incentivar a interação de saberes, o festival é dedicado a propostas de artistas plásticos, arquitetos e paisagistas.
BH
O jardim de Quebec é a segunda versão da instalação que Carlos Teixeira apresentou no Parque Municipal, em Belo Horizonte, durante o evento Noites brancas. A canadense é maior e permite que o espectador circule entre os troncos. O autor se valeu de material encontrado na área da própria instituição que promove a feira.
Teixeira explica que a filosofia do projeto levado ao Canadá mantém a tradição de seu escritório brasileiro, cujo propósito é explorar os limites da arquitetura para criar um contexto de diálogo com o paisagismo, as artes plásticas e a cenografia.
Carlos Teixeira é o único brasileiro convidado para o festival canadense, cuja mostra ficará aberta ao público até 28 de setembro. Para ele, paisagismo é tema essencial da arquitetura, seja complementando o construído e oferecendo visão mais ampla de um prédio, por exemplo, seja transformando a paisagem em elemento decisivo na definição do que vai ser erguido.
Com bom humor, ele diz que devido à formação especializada, arquitetos entendem pouco de paisagismo e paisagistas não entendem de arquitetura.
Teixeira lembra que no século 20, quando o mundo não dava atenção ao setor, o Brasil contava com o excelente paisagismo feito por Burle Marx. “Hoje, a área alcançou relevo mundial, fato movido inclusive por preocupações ecológicas. Entretanto, não há nenhuma atuação com a importância de Burle Marx”, conclui.