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Editora de Opinião do Correio Braziliense, comentarista da TV Brasília, blogueira e colaboradora do Estado de Minas – onde às quartas e domingos assina a coluna Dicas da Dad –, ela acaba de lançar pela Editora Contexto o livro Como escrever na internet. E dá uma dica: “As novas mídias, querendo-se ou não, já fazem parte do nosso dia a dia. Elas revolucionaram a escrita e a leitura. Econômicas mensagens eletrônicas ganharam espaço e prestígio. Os esbanjadores verbais têm de se conter e se curvar ao estilo moderno. Nele imperam duas regras de ouro. Uma: menor é melhor. A outra: menos é mais”, sintetiza.
Apaixonada pela língua portuguesa, Dad diz ainda que, hoje, em decorrência das novas mídias, exige-se que tenhamos uma linguagem sucinta, clara e sedutora, pois, caso contrário, não seremos lidos. “ Escrever para as novas mídias exige muita atenção de quem escreve. É um mito dizer que o leitor não presta atenção no bom português. Se o site do Estado de Minas ou do Correio Braziliense, por exemplo, escrever ‘oje’, sem o ‘h’, com certeza perderá a credibilidade”, diz.
Já nas salas de bate-papo, segundo Dad, vale tudo, pois a conversa flui de forma tão rápida que a impressão é de que se está realmente conversando. “Existe uma permissão tácita para se escrever como se quer numa sala de bate-papo. E quem não entrar nessa onda estará excluído”, diz. Existe uma regra para se adaptar a esses novos tempos? A jornalista afirma que sim e dá outra dica: “As regras de ouro dos novos tempos são: quanto mais sucinto, melhor. A língua nos oferece todos os recursos necessários para se chegar ao requinte de poder escrever uma mensagem clara, por exemplo, com 140 caracteres. Mas para se fazer isso é preciso treino e muito exercício”.
Dad Squarisi dividiu o novo trabalho em três partes: na primeira, comenta “as várias línguas que falamos e escrevemos”; e, nas duas seguintes, convoca o metro e a tesoura para ensinar como se deve proceder para escrever com eficiência nas redes sociais. “Um fica de olho na extensão das palavras e frases e a outra toma providências cirúrgicas, que nada mais são, para se adaptar aos novos tempos, que não ter medo de cortar os excessos.” A escritora dá ainda no livro, para facilitar a vida do leitor, “300 diquinhas de português em até 140 caracteres, que jogam luz sobre os velhos calos da língua”.
três perguntas para...
Dad Squarisi
escritora e jornalista
Com a chegada das novas mídias, a língua portuguesa se tornou menos sedutora?
É claro que não, pelo contrário. Você só faz uma boa literatura se souber usar bem a língua. Para educar seus filhos, também é preciso falar bem, e para se conseguir um emprego, idem. No entanto, a língua portuguesa anda muito maltratada ultimamente, muito mal ensinada nas escolas. Infelizmente, ela foi muito massificada e isso se reflete na educação das pessoas.
O que fazer para mudar esse cenário?
A grande luta atual, no caso da nossa educação, não é universalizar o acesso à mesma, porque isso já aconteceu. O grande desafio, a meu ver, é universalizar o conhecimento, porque não adianta a pessoa ter acesso à educação e não saber, por exemplo, interpretar um texto ou escrever um e-mail, como um analfabeto funcional. E a grande porta de entrada para isso, pode ter certeza, é saber dominar bem a língua.
E as “várias línguas portuguesas” às quais Saramago se referia?
É claro que elas existem. Um advogado, por exemplo, ao falar no tribunal, usa o “juridiquês”. Ao chegar em casa, quando vai conversar com o filho de 4 anos, ele vai se valer de outra linguagem. Se for fazer amor com sua mulher, também. O mesmo acontece em um jornal: a linguagem de quem escreve o horóscopo é diferente da de quem escreve uma matéria policial ou assina um artigo de opinião. No caso da língua usada nas novas mídias, ela também é uma a mais, das tantas que já usamos diariamente.
Como escrever na internet
De Dad Squarisi
Editora Contexto, 124 páginas