Manoelita Lustosa tinha 72 anos e carreira marcante no teatro, no cinema e na televisão

Colegas destacam o talento para drama e comédia e o preparo intelectual da artista

por Ailton Magioli 02/07/2014 06:00

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Beto Novaes/EM/D.A Press
A atriz mineira em seu último papel na TV, como Terezinha Cho, no remake de 'Dona Xepa', na Record (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press )
“Uma geração inteira está indo embora. Cada hora é um”, constata, desolado, o diretor Pedro Paulo Cava, ao ficar sabendo da morte da atriz Manoela Lustosa, aos 72 anos, em Belo Horizonte. Internada pelos familiares às pressas, a atriz foi diretamente para a UTI onde, depois de diagnosticada com pneumonia, teria sofrido uma parada cardiorrespiratória.

Uma das cenas que mais marcaram Pedro Paulo no musical 'Na era do rádio' está ligada ao profissionalismo de Manoelita, como era conhecida. Na pele da cantora Araci de Almeida, a atriz cantava a última composição feita por Noel Rosa, à beira do túmulo do compositor. “O marido de Manoelita havia sido enterrado naquela manhã, em Timóteo, e, à noite, ela estava fazendo o espetáculo. Foi emocionante”, recorda o diretor.


Além do musical, ele também dirigiu Manoelita Lustosa em 'Palavra possuída', de Beth Fleury, e contou com a assistência de direção dela em 'Alegro desbunde', de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha. “Era uma das grandes atrizes de Minas Gerais”, afirma Pedro Paulo Cava.


No Vale do Aço, ao lado do marido, que foi funcionário de uma empresa siderúrgica, Manoelita transformou um galpão em teatro de 200 lugares, onde o casal recebia espetáculos de Belo Horizonte e de outras capitais. Por seu trabalho de incentivo às artes, ela chegou a ser secretária de Cultura de Timóteo.


“Além de grande atriz, era uma mulher maravilhosa, de coração enorme”, diz Ílvio Amaral, que dirigiu Manoelita em 'Comédia dos sexos', 'É dando que se recebe', 'Chapeuzinho Vermelho' e 'Os dálmatas'. “Em cena, ela dava conta de tudo: do drama à comédia”, afirma o ator e diretor, salientando, ainda, a “mulher ilustrada” que foi Manoelita, graduada em letras, filosofia e jornalismo. “Sabia português como ninguém, além de ser fera na escrita de cartas”, acrescenta Ílvio, fã declarado do talento de Manoelita Lustosa.


A atriz ficou conhecida nacionalmente em 2003, como Inês, a avó cruel de Salete, personagem de Bruna Marquezine em 'Mulheres apaixonadas', de Manoel Carlos, na TV Globo. Bruna lamentou a morte da atriz. “Ela era uma pessoa incrível e uma atriz maravilhosa.”


Ainda na emissora carioca, Manoelita Lustosa atuou na minissérie 'JK'. Em 2007, participou da novela 'Maria Esperança', do SBT. Seu último trabalho na televisão foi no remake de 'Dona Xepa', da Record, no ano passado, no qual vivia Terezinha Cho. Antes de 'Dona Xepa', a atriz fez as novelas 'Balacobaco' (2012), 'Vidas em jogo' (2011), 'Poder paralelo' (2009) e 'Amor e intrigas' (2007), todas da Record.


Em nota, a emissora diz ter recebido com pesar a notícia do falecimento da atriz mineira, cujo corpo será enterrado nesta quarta-feira, às 10h, no Cemitério Parque da Colina. Viúva, Manoelita deixa as filhas Manoela, Betânia e Mariana.

PALCO E TELA Manoelita Lustosa comemorava 20 anos de carreira no teatro. Ela estreou nos palcos em 1994, na montagem de 'Tio Vânia', com direção de Luiz Carlos Garrocho e Walmir José. Na sequência, participou de sucessos do teatro mineiro como 'Na era do rádio' de Pedro Paulo Cava, 'Perigo, mineiros em férias', de Rogério Falabella, além da participação nas montagens dirigidas por Ílvio Amaral.


A última participação no cinema ainda está inédita. Manoelita Lustosa está no elenco de 'O segredo dos diamantes', longa dirigido por Helvécio Ratton. No cinema, a atriz também fez parte do elenco de 'Samba-canção', de Rafael Conde e 'Depois daquele baile', de Roberto Bomtempo.

 

 

 

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