Rosa Antuña dá sequência à sua 'Trilogia do feminino' com o espetáculo 'O vestido'

Montagem entra em cartaz neste fim de semana no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna

por Carolina Braga 23/05/2014 06:00

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Marco Aurélio Prates/Divulgação
(foto: Marco Aurélio Prates/Divulgação)
Você está andando pela rua, de repente o olho é inexplicavelmente atraído por uma vitrine. É incontrolável. O objeto do desejo está lá, teoricamente, para ser seu. Ou pelo menos para despertar essa vontade em você. Pode ser qualquer coisa. No caso da bailarina e coreógrafa Rosa Antuña, foi um vestido. Aliás, “o vestido-escândalo”, como chama, em torno do qual desenvolveu o segundo espetáculo da 'Trilogia do feminino', em cartaz de sexta a domingo no Oi Futuro Klauss Vianna.

Depois traduzir em danças as inquietações da 'Mulher selvagem' (2010), 'O vestido' dá continuidade à pesquisa do tema, com ênfase no desejo, na vaidade e na autoestima. “Na montagem anterior, falava muito de descobrir essa mulher selvagem. Acho que o vestido (a roupa) trouxe essa realização, o que ela anseia”, explica Antuña. É a primeira vez que ela cria algo sem ter como ponto de partida um livro. Claro que o vestido é uma metáfora para uma reflexão mais ampla em torno não apenas do feminino, mas também da sociedade de hoje.

O vestido, curiosamente parte da coleção de Ronaldo Fraga em homenagem à bailarina e coreógrafa alemã Pina Baush, é também personagem da montagem. “Tem muita ação física. Tem uma fragilidade antes de vestir e é interessante como me transformo profundamente”, continua. O cenário é composto apenas por um trono e uma arara de roupas. Na trilha sonora, a americana Meredith Monk, a francesa Camille e a mexicana Lilla Downs.

Em paralelo ao trabalho como intérprete na Cia Mário Nascimento, Rosa Antuña tem a própria linha de investigação artística. Não por acaso, tem na figura de Eugênio Barba e nos demais integrantes do Odin Teatret, da Dinamarca, o norte para as suas experimentações solo no universo da dança. O trabalho autoral se aproxima muito do teatro, embora os momentos de texto sejam bastante pontuais. “Preferi ter algumas frases e usar muito a ação física do corpo”, acrescenta.

Para Rosa Antuña, é justamente em suas criações independentes que procura falar algo que seja relevante para ela. “É uma coisa que aprendi muito vendo o trabalho do Odin Teatret: ‘Seja profundamente verdadeiro, porque essa verdade vai encontrar eco em outras pessoas’”, diz. Antes da estreia em Belo Horizonte, 'O vestido' passou por São Paulo e também no 31° Festival Internacional de Dança de Joinville (SC). Rosa planeja para 2015 o encerramento da trilogia. Será com 'A mulher de cuspiu a maçã', inspirado na obra da psicanalista e escritora Regina Navarro Lins.

O VESTIDO
Com Rosa Antuña. Sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h. Teatro Oi Futuro Klauss Vianna. Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras, (31) 3229-4616. Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

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