'A Borralheira, uma opereta brasileira' leva o universo da ópera para as crianças

Espetáculo adapta a narrativa clássica musicada por Rossini à realidade de Minas no século 19

por Mariana Peixoto 02/05/2014 08:26

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João Júlio/Divulgação
(foto: João Júlio/Divulgação )
Foi a partir de um livro de Ruth Rocha, uma adaptação para crianças de O barbeiro de Sevilha, de Rossini, que Vanessa Dantas ficou imaginando numa forma de levar a ópera para o público infantil, que não está acostumado a ela. Nasceu dessa maneira O barbeiro de ervilha, que ambientou a história de um atrapalhado barbeiro que tenta unir um casal, no Nordeste brasileiro. Uma vez bem-sucedida a empreitada, ela imaginou uma segunda montagem. Voltou-se novamente para Rossini, mas dessa vez até o conto de fadas Cinderela. A ópera bufa A Cinderela ou O triunfo da bondade, do início do século 19, virou a adaptação A Borralheira, uma opereta brasileira, que ganha, amanhã e domingo, duas apresentações no Cine Theatro Brasil.

“Quando peguei o livro da Ruth Rocha pensei o quanto é difícil para que as crianças gostem de ópera, ainda mais porque são cantadas em outra língua. Fiquei pensando na adaptação para o Brasil, onde e como iria colocar a língua portuguesa, já que cantores e diretores de ópera são radicamente contra que se mexa no idioma de origem”, comenta Vanessa, que assina as duas adaptações. Para a direção, ela convidou Fabianna de Mello Souza, ex-integrante da companhia francesa Le Théâtre du Soleil. A dupla repete a dobradinha em Borralheira, que tem como cenário o interior de Minas Gerais.

“A música do Rossini é um escândalo (é uma das obras do compositor italiano de mais difícil interpretação) e fiquei pensando para onde poderia levá-la. No início do século 19, o grande movimento artístico estava em Minas, e Don Magnifico (pai de Cinderela e das invejosas Clorinda e Tisbe), é um barão do café. O barroco mineiro de Aleijadinho e Ataíde casou exatamente com a história”, continua Vanessa, que também interpreta Clorinda.

Quanto à música propriamente dita, a adaptação brasileira manteve todas as melodias originais. “Os arranjos é que têm um tempero mineiro, principalmente pelos tambores e violas”, comenta. Em cena, são 12 artistas, entre atores e músicos. Tudo é executado ao vivo. “O coro é formado por seis meninos e todos tocam e cantam em cena. Há um deles que prendeu o violoncelo no corpo, e acaba dançando com o instrumento, que é maior que ele”, conta Vanessa. O barbeiro de ervilha ficou dois anos em cartaz. Borralheira estreou no Rio de Janeiro em 2012 e este ano começa por Belo Horizonte a rodar o país. “É uma adaptação para que as crianças assistam, mas na verdade o espetáculo é para todo mundo”, conclui.

A BORRALHEIRA, UMA OPERETA BRASILEIRA
Amanhã e domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil, Rua dos Carijós, 258, Centro. Ingressos: R$ 20 e
R$ 10 (meia).

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