Musical sobre Cazuza em cartaz de quinta a domingo em Belo Horizonte

Montagem segue o caminho de 'Tim Maia - Vale tudo', do diretor João Fonseca ao renovar o legado de ícones da cultura brasileira e experimentam novas formas de aliar a dramaturgia às canções

por Mariana Peixoto 28/04/2014 08:10

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Leo Aversa/divulgação
Emílio Dantas interpreta Cazuza na montagem que chega ao Palácio das Artes na quinta-feira (foto: Leo Aversa/divulgação)
Na audição para o papel-título de 'Cazuza – Pro dia nascer feliz', o musical, havia duas centenas de candidatos. Cada um apresentou quatro cenas e três canções. No meio do grupo estava Emílio Dantas, que foi para o teste por sugestão de João Fonseca, que dirige o espetáculo. O ator participou da montagem anterior do diretor, 'Rock in Rio'. Apesar da vantagem sobre vários concorrentes – tem um passado no pop-rock, pois liderou a banda Mulher do Padre –, Emílio não acreditava que pudesse levar o papel. Mesmo assim, fez o dever de casa: assistiu a vídeos do cantor e compositor e leu os livros que Lucinha Araújo escreveu sobre o filho artista. “Não tenho nada a ver com Cazuza, fui mais pensando em ser legal com o meu amigo diretor do que em fazer o teste. Saí de lá com a sensação de missão cumprida, pois levei para o palco o melhor do que seria a vibe dele”, afirma Emílio.

Depois de trabalhar em novelas da Record e de atuar em filme de Oswaldo Montenegro, Emílio Dantas chega consagrado a Belo Horizonte para se apresentar no Palácio das Artes, de quinta-feira a domingo. Com fôlego para tentar seguir o caminho de 'Tim Maia – Vale tudo, o musical', com suas quase 600 apresentações em dois anos e meio em cartaz, Cazuza... se serve de artifícios semelhantes. “Esse espetáculo é um ‘filho’ de Tim Maia”, conta João Fonseca, diretor das duas montagens.

“Tim... foi o meu primeiro musical biográfico. Obviamente, para Cazuza... fui buscar a experiência anterior. Tento continuar a linha que comecei a experimentar, principalmente na área da linguagem. Só que são personalidades e vidas muito diferentes”, explica Fonseca.

Símbolo

O espetáculo mostra a trajetória que começou na Zona Sul carioca nos anos 1980 e passou pela explosiva geração BRock. Cazuza (1958-1990) enfrentou altos e baixos na vida pessoal, tornou-se maior do que a banda da qual surgiu e virou símbolo de uma geração de artistas dizimada pela Aids. “Para você dar conta de uma vida inteira em duas horas e meia é necessário montar o repertório de maneira que as canções não entrem como ilustração, mas para contar aquela história”, continua Fonseca.

O espetáculo não traz 30 das mais de 200 músicas que Cazuza compôs. “Ser popular não atrapalha. As canções são muito boas e já contam com o caráter afetuoso da plateia quando estão em cena”, observa o diretor.

O repertório traz todos os hits – de 'Codinome beija-flor' (uma das três canções que Emílio Dantas teve de apresentar no teste) e 'Bete balanço' a 'Ideologia', 'O tempo não para' e 'Exagerado' –, bem como algumas que ele não chegou a gravar, como Mais feliz e Poema.

Para Dantas, o seu grande momento é cantar Brasil . “Essa é a música mais importante de Cazuza, não tem um verso dispensável. A cena é simples para não encobrir a canção”, revela. Além do astro do BRock, estão em cena personagens inspirados em artistas que conviveram de perto com ele, como os integrantes da banda Barão Vermelho, Bebel Gilberto, Caetano Veloso e Ney Matogrosso, além dos pais, João e Lucinha Araújo – ela acompanhou de perto todo o processo da montagem.

De acordo com João Fonseca, Ney Matogrosso foi o personagem mais complicado. “Como achar alguém com aquela voz, com aquele timbre muito específico e aquele corpo? Tivemos muita sorte em encontrar o Fabiano Medeiros”, conclui.

Ele faz a diferença

João Fonseca não virá a BH acompanhar a temporada de 'Pro dia nascer feliz...' Na quinta-feira, estreia seu oitavo musical, O grande circo místico, inspirado na obra de Edu Lobo e Chico Buarque. O espetáculo ficará em cartaz no Theatro Net Rio, na capital fluminense.

O encenador teve a seu lado Ernani Maletta, diretor musical da montagem. “Para mexer na obra, o Ernani era a pessoa certa. Ele fez com que todos os atores tocassem em cena, apesar de não serem músicos. Essa é uma das coisas que só ele sabe fazer”, elogia.

O pesquisador, professor, cantor e regente mineiro, assíduo colaborador do Grupo Galpão, carrega todas as credenciais para a função. Em 2001, com o grupo Voz & Cia., ele montou 'Circo místico', que mais tarde ganhou um CD.

“A concepção do novo espetáculo tem a ver com a pesquisa que desenvolvo há mais de 20 anos. A ideia é fazer da canção um discurso – e não levá-la para o espetáculo como se fosse apenas um número. A música é teatro o tempo inteiro, a melodia tem sentido dentro da situação cênica”, explica Maletta.

“Pela primeira vez, realizei com plenitude o que se chama direção musical. O diretor costuma ser quase um parceiro nessa área, pois define as coisas antes. No caso do João Fonseca foi diferente: ele me delegou completamente a proposta do espetáculo, chegou a modificar muitas coisas da encenação em função da música que eu estava apresentando,” acrescenta Maletta. O momento é especial para o mineiro. “Há o reconhecimento de uma proposta original minha”, comemora.

Além de 17 atores, O grande circo místico leva para o palco uma banda de cinco músicos. “A técnica criada e desenvolvida por Maletta faz com que todos toquem. Apenas dois dos 17 sabiam alguma coisa – um deles, acordeom; o outro, violão. Aqui, tocam cavaquinho, escaleta, flauta, violão, percussão. É uma orquestra maravilhosa, tivemos a ousadia de pôr os atores sozinhos em cena. Sem a banda, eles abrem com 'Beatriz', uma canção emblemática”, conta Maletta. E tudo com o aval do exigente Edu Lobo, que indicou o nome do mineiro para a montagem.



CÁSSIA ELLER
Depois de O grande circo místico, João Fonseca estreia Cássia Eller – O musical. De formato menor, com apenas sete atores em cena, a montagem traz no papel-título a curitibana Tacy de Campos. O espetáculo vai percorrer as unidades do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. A estreia está marcada para o fim de maio, no CCBB carioca. A temporada belo-horizontina ocorrerá de 7 de agosto a 1º de setembro.

CAZUZA – PRO DIA NASCER FELIZ, O MUSICAL

Quinta e sexta-feira, às 21h; sábado, às 21h30; e domingo, às 17h. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1 – R$ 200 e R$ 100 (meia-entrada). Plateia 2 – R$ 170 e R$ 85 (meia). Balcão – R$ 120 e R$ 60 (meia).

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