'Nem mesmo todo o oceano', com direção de Inez Viana, traz para o palco dilemas éticos

Peça da Cia. OmondÉ entra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

por Carolina Braga 11/04/2014 06:00

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Juliana Hila/Divulgação
(foto: Juliana Hila/Divulgação)
A atriz e diretora Inez Viana está habituada a levar literatura para os palcos. Mas o caso de 'Nem mesmo todo o oceano' é diferente. Desta vez, foi ela mesma quem adaptou o romance de Alcione Araújo para que os atores da Cia OmondÉ pudessem contar a história no palco. O momento não poderia ser mais oportuno.


A trama de 'Nem mesmo todo o oceano' se passa durante a ditadura brasileira. É a história de um médico legista que se depara com os questionamentos éticos que seu ofício impõe. “Ele traduz o conflito do ser humano. É uma narrativa sobre as escolhas. Quando você faz uma coisa errada, pode ser fatal para sua vida”, comenta Viana.

O processo de adaptação foi uma empreitada e tanto. O livro de Alcione Araújo tem 794 páginas. Ele foi condensado em uma hora e 30 minutos de espetáculo. “O pano de fundo da ditadura está todo ali, mas escolhi contar a história desse rapaz. Ao falar dele, digo sobre muita gente. No final, você não sabe se ele é culpado, inocente ou se foi vítima da sociedade”. O grupo chegou a se reunir duas vezes com o autor, antes do falecimento dele, em novembro de 2012. 'Nem mesmo todo o oceano' estreou em agosto do ano passado.

Leonardo Brício , Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Júnior Dantas, Luís Antonio Fortes e Zé Wendell se revezam no papel do protagonista. A escolha da direção tem a ver com o desejo de pesquisa de linguagem teatral de Inez Viana. Não há qualquer cenário. São apenas duas cadeiras e os seis atores no palco. “É atuação e texto. O público imagina tudo que está em cada lugar”, explica.

'Nem mesmo todo o oceano' é a terceira montagem da Cia OmondÉ. O grupo foi criado em 2009 para dar vazão às investigações na área. Desde então, estreou as montagens, 'As conchambranças de Quaderna' (2010), indicada ao Prêmio Shell e APTR de melhor direção; e 'Os mamutes', de Jô Bilac, com o qual também recebeu o Prêmio FITA. O elenco da companhia é formado por dois mineiros um potiguar, um paraibano, um paranaense e cinco cariocas. O objetivo é explorar a diversidade de bagagens teatrais de cada integrante.

Nem mesmo todo o oceano
Com a Cia. OmondÉ. Sexta, às 20h; sábado e domingo, às 19h. Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH), Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Teatro 2. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Novas linguagens

Vencedora do Shell de melhor atriz pela adaptação para os palcos de 'A mulher que escreveu a Bíblia', baseada em novela de Moacyr Scliar, Inez Viana vai retomar a parceria com Guilherme Piva na direção. Ela está em cartaz no Rio de Janeiro com a produção 'É cruel viver assim', na qual divide o palco com Marcelo Valle, Letícia Isnard e Álamo Facó.

Outro projeto em andamento é a versão teatral para a série e filme 'Meu passado me condena'. Ela, que interpreta a Suzana na telinha e telona, vai apenas dirigir Fábio Porchat e Miá Mello. “É outra pegada mas sem perder a teatralidade, o conceito de precisão de direcionamento de cena, que marca o meu trabalho”. Para atuar em frentes tão diferentes, Viana diz sempre dedicar um tempo à pesquisa. “Tenho um treinamento de dois dias com a minha companhia. Desenvolvemos linguagens diferentes”, diz.

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