Crítica social e grafismos sobre antigos desenhos marcam mostras de Ângelo Issa e Miguel Gontijo

Exposições 'Bibliotheca' e 'Sentido obrigatório' ocupam dois andares do Cine Brasil

por Walter Sebastião 08/04/2014 08:00

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Juninho Motta/divulgação
(foto: Juninho Motta/divulgação )
As exposições 'Bibliotheca' e 'Sentido obrigatório', dos artistas plásticos Miguel Gontijo e Ângelo Issa, serão abertas hoje em BH. As mostras ocuparão o quinto e o sexto andares do Cine Theatro Brasil Vallourec, no Centro.

Gontijo conta que 'Bibliotheca' reúne dezenas de imagens, desenhos e algumas pinturas voltados para motivos caros a ele: a grafia como estética e a escrita como compulsão. Por sua vez, Ângelo Issa diz que 'Sentido obrigatório' traz imagens ásperas com críticas a nosso tempo, marcado pela proliferação de leis e mensagens proibicionistas, além da obrigatoriedade de hábitos e costumes “criando a tutela do Estado sobre o cidadão”.

'Sentido obrigatório' exibe oito obras de grande formato, realizadas desde 2012. “A pintura grossa valoriza cor e movimento, é adequada a trabalhos de crítica social”, afirma Issa. As imagens trazem gente de aparência que suscita desconfiança, “mas em quem somos obrigados a votar”, comenta. Há jovens de costas para a TV no momento do horário político obrigatório. “Pergunto-me qual é a influência de tantas proibições e obrigatoriedades sobre os jovens que estão chegando à vida adulta”, afirma o pintor.

Ângelo diz que a pintura cobra dedicação. “O mercado é difícil, o público é pequeno. Se você não amá-la, não faz. Por outro lado, estar sozinho diante da tela em branco criando, modificando e retrabalhando tudo traz imenso prazer”, afirma ele. O gosto pela linguagem expressionista vem da visceralidade dessa estética, comenta.

Memória

Miguel Gontijo vai mostrar cerca de 50 obras – intervenções com escritas e grafismos sobre desenhos antigos. Atento a temas como tempo, memória e construção da imagem gráfica, o artista expressa também seu apego à beleza plástica das grafias. “Persigo essas questões há 50 anos”, conta ele.

Para sinalizar esse percurso temporal, Miguel expõe um caderno da época em que era menino. “Os desenhos são diferentes dos de hoje, mas já contêm o que crio atualmente”, afirma.

Até 1990, a grafia era apenas um elemento recorrente na obra de Miguel. “A partir de então, virou o tema do trabalho. São manchas óticas criadas com escritas, em 99% dos casos ilegíveis. Só garatujas”, revela. Amor ou ódio à escrita? “Amor. Gosto mais da escrita do que da imagem”, responde. O artista suspeita que tal sedução esteja ligada a motivos biográficos. “Menino do interior, eu tinha mais acesso a livros do que a quadros”, conclui.

ÂNGELO ISSA E MIGUEL GONTIJO
Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro. De terça-feira a sábado, das 13h às 21h; domingo, das 14h às 20h. Até 11 de maio. Entrada franca.

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