'A História não contada do Motorhead' revela bastidores de cada fase da banda

Livro de Joel McIver traz entrevistas do vocalista e fotos das variadas formações e parceiros

por Daniel Seabra 16/02/2014 00:13

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Fabian Bimmer/Reuters
Entre o caos debaixo dos panos, livro revela a relação do baixista e vocalista Lemmy Kilmister com drogas e groupies (foto: Fabian Bimmer/Reuters )
 

Eles formam “só uma banda de rock, esperando o momento de entrar no palco”. Assim Lemmy Kilmister definiu o que é o Motorhead no DVD que leva o nome do vocalista e baixista da banda. Mas, ao que parece, as cenas (espetaculares, diga-se de passagem) vistas naquele filme não são tudo o que os ingleses, na ativa desde 1975, têm a oferecer. Acaba de ser lançado no Brasil (na Inglaterra foi em 2011) o livro A história não contada do Motorhead, de Joel McIver. O autor, aliás, tem credenciais. Fez a biografia Justice for all: the truth about Metallica, que vendeu mais de 30 mil exemplares, e ainda é coautor da autobiografia de Max Cavalera, chamada My bloody roots. Também escreveu sobre monstros do metal como Slayer e Black Sabbath.

E o prefácio é assinado por outra lenda, Glenn Hughes, ex-baixista do Deep Purple e do Trapeze, atualmente no Black Country Communion. Só para ter uma ideia, Hughes termina seu resumo inicial com a frase: “Não existe ninguém como ele (Lemmy), nem perto disso. Reine para sempre, meu amigo”. Fechando as citações honrosas, a obra é dedicada a ninguém menos que Ronnie James Dio, ex-vocalista do Black Sabbath, morto em 2010, vítima de câncer de estômago. Voltando à obra, estão ali várias histórias que rolaram por baixo dos panos. Nada de tão extraordinário que assuste os fãs da banda, acostumados com as “loucuras” de Lemmy.

No livro estão entrevistas do vocalista e de pessoas próximas, contando histórias de cada fase da banda, tudo separado em capítulos. Como é sabido, existe uma “receita de bolo” do Motorhead. Todos os discos são muito parecidos, normalmente ótimos. Rock’n’roll de verdade, alto e rápido. A obra traz desde a infância do filho único, que descobriu a música aos 12 anos, quando ouviu, pela primeira vez, Bill Haley e Seus Cometas, com a clássica Rock around the clock, passando pela fase em que foi roadie de Jimi Hendrix, às loucuras de uma de suas bandas, o Hawkwind, que viajava (e ainda viaja) em estilo psicodélico.

Tem ainda o encontro de Lemmy com Jon Lord, ex-tecladista do Purple, já falecido, e com os Birds, além do fato de ele ter chegado a ser traficante (iniciante) e da longa relação do músico com as drogas. Eles atravessaram anos e anos com seu estilo único, passando pelo punk, com quem mantinham boas relações, principalmente com os Ramones (gravaram até música chamada R.A.M.O.N.E.S.) e Sex Pistols, passando pelo grunge, que jogou um pouco de água fria no heavy metal, sem diminuir o prestígio do Motorhead, uma vez que eles nunca se definiram como heavy, speed ou trash. Apenas como banda de rock.

Uma das pérolas sagradas dos fãs tem sua história contada, a logomarca da banda. O javali babando foi obra concebida por Joe Pentagno. Além disso, há inúmeras páginas dedicadas às mulheres, outra grande perdição de Lemmy, inclusive as groupies (fãs mais próximas). Quando o roqueiro estava praticamente quebrado, no início dos anos 90, o que ele fez? Mudou-se para os Estados Unidos e as coisas melhoraram. Lemmy chegou a ter parceria com seu amigo de longa data Ozzy Osbourne. Participou do disco No more tears (1991), nas músicas I don’t want to change the world, Desire, Hellraiser e, principalmente, Mama I’m coming home, um dos maiores sucessos de Ozzy.

Para encerrar, fotografias de grandes passagens da banda, com as variadas formações e parceiros. É a vida de Lemmy, um cara capaz, por exemplo, de parar o ensaio do Metallica. A cabeça, imperdível, do Motorhead.

A história não contada do Motorhead
• De Joel McIver
• Edições Ideal
• 280 páginas, R$ 44,90

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