Exposição coletiva no Palácio das Artes vai leiloar obras a partir de R$ 1,99

Até o dia 8 de março, Coletivo Piolho Nababo reúne e expõe trabalhos de qualquer artista; ao fim do evento, peças poderão ser vendidas, em gesto que contesta mercado da arte

por Walter Sebastião 13/02/2014 07:00

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Bernardo Biagioni/divulgação
Montagem de mostra organizada pelo Coletivo Piolho Nababo questiona modelo de curadoria e venda das criações de artistas; preço popular é toque sarcástico (foto: Bernardo Biagioni/divulgação)
Entre 2010 e 2012, funcionou em sala na sobreloja do Edifício Maletta, no Espaço Ystilingue, uma das propostas mais singulares das artes visuais em Belo Horizonte: uma galeria de arte em que qualquer artista podia chegar e colocar suas obras na parede, nas bancas, no chão etc. A cada sexta-feira era aberta nova exposição, sem que os que estavam anteriormente no local fossem retirados. O resultado era alucinante celebração das liberdades das artes visuais, movida especialmente por desenhos, pinturas e gravuras. Foi ação propositiva e também protesto contra convenções do sistema de arte, integralmente movida por meio da autogestão pelo Coletivo Piolho Nababo (Daniel Toledo, Froiid K e Warley Desali).

A proposta ocorre com a mesma radicalidade de métodos a partir desta quinta-feira, 13, na Galeria Mari’Stella Tristão do Palácio das Artes. Isto é: todo e qualquer artista que quiser mostrar um trabalho no espaço pode levar a obra dele ao local até 8 de março. E, na galeria (que na abertura estará vazia), será recebido por um curador fake, assinará contrato e terá sua obra apresentada.

 

No mesmo endereço, no dia 8, haverá leilão das peças dos interessados na venda de suas obras, com lance inicial de R$ 1,99, comandado por “leiloeiro excêntrico”. Ação performática que o pessoal do Piolho Nabado já realizou desde os tempos em que tinha sede no Edifício Malleta, em diversos locais, e que oferece arte a preços populares.

“O que é o espaço de arte? O que é o artista? Por que este ou aquele foram eleitos? É um pouco isso o que questionamos”, conta Warley Desali, integrante do Piolho Nababo. “Estamos convidando toda a sociedade para expor o que produz de arte”, conta. “Fazemos piada com o mercado, o colecionismo, o fetiche de ter obras de arte. A ideia é tirar o glamour e tornar a arte acessível, sem restrição de classe nem ideologia. No fim, o leilão é um grande espaço de troca, escambo e compartilhamento”, explica Desali.

 

A obra da turma não é só a exposição, mas todo o processo posto em funcionamento, que, para o artista, rompe com um sistema (galeria e mercado) fechado, elitizado e que privilegia poucos.

Warley Desali, fazendo balanço das atividades já realizadas em vários espaços alternativos de Belo Horizonte, explica que é muito interessante o conjunto formado por artistas de todos os perfis, dos desconhecidos até quem tem carreira, sem censura de estilo ou gênero. “O resultado é o compartilhamento de vidas”, observa.

Galeria de Arte e Leilão Piolho Nababo

Com leilão de arte R$ 1,99. A partir desta quinta-feira, 13, das 10h às 21h. Espaço Mari’Stella Tristão do Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Até 12 de março.

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