A eternidade na obra de Chichico Alkmim é o tema da palestra que o psicanalista Stélio Lage Alves faz nesta quinta-feira, às 19h, no Memórial Minas Gerais Vale. Ele analisará imagens de funerais de crianças eternizadas pelo fotógrafo mineiro. Os trabalhos trazem o registro autêntico da noção de bela morte, que vem de tradição barroco-romântica europeia, afirma Stélio.

“O modelo de época é tema dos fotógrafos do fim do século 19 e do início do século 20. É espetacular como Chichico Alkmim mostra que o que fica, o que é eterno, é o olhar”, observa o psicanalista. “A fotografia é recurso técnico que autentica a morte”, observa.

Cenários e figurinos com referências ao sagrado e à fé, como flores e roupas de anjo, estão presentes nas fotos de Chichico Alkmim (1886-1978). De acordo com Stélio Lage, eles conferem atributo de santidade às crianças, “mostrando a morte delas como algo semelhante ao sacrifício de mártires jubilados na glória eterna”.

SALVAÇÃO De acordo com o psicanalista, ao enfatizar a inocência o fotógrafo sugere que crianças são guias para a salvação. Em curso está visão de que a vida é preparação para a morte. As imagens de Chichico Alkmim, explica Stélio Alves Lage, evidenciam a popularização de costumes que eram exclusividade das elites.

Psiquiatra e psicanalista, Stélio tem mestrado em filosofia pela Universidade Conplutense de Madri, na Espanha. O bate-papo com o público integra a programação da mostra Paisagens humanas – paisagens urbanas, apresentada no Café do Memorial Minas Gerais Vale, que reúne fotos de Alkmim.

A ETERNIDADE NA OBRADE CHICHICO ALKMIM
Palestra de Stélio Lage Alves. Nesta quinta-feira, às 19h. Memorial Minas Gerais Vale, Praça da Liberdade, s/nº, esquina com Rua Gonçalves Dias. Entrada franca.