Peças de mármore de Ricardo Bergmann remetem às curvas da Pampulha e ao diálogo com o vazio

Apaixonado pela pintura, o artista decidiu explorar a escultura aos 63 anos

por Walter Sebastião 02/02/2014 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Juliana Flister/divulgação
Pássaros inspiram Ricardo Bergmann (foto: Juliana Flister/divulgação)

Esculturas, a bela exposição em cartaz na Galeria de Arte Copasa, traz 11 peças em mármore assinadas por Ricardo Bergmann. As obras se inspiram em peixes e aves, bem como no movimento desses animais. Caprichosamente realizadas, dão vazão a uma ousada exploração de formas orgânicas, em especial a curvas que chamam para si o vazio à sua volta. É visualidade modernista ou, de fato, lembrança das formas sintéticas que construíram o pensamento plástico moderno.

“Sinto nessas peças algo da Pampulha, de Niemeyer e de Bruno Giorgio, que vi na minha infância”, conta Bergmann. A história da mostra em cartaz em BH é curiosa. Formado em desenho industrial, o artista se dedicou à pintura por vários anos – inclusive, estudou no Núcleo Experimental Guignard, projeto de escola livre idealizado por Amilcar de Castro. Ricardo acabou indo trabalhar na empresa do sogro, tornando-se mestre marmoreiro e fundidor. Passou 20 anos produzindo mobiliário, objetos, bustos e troféus para outros artistas. Não pensava em ser escultor. Em 2013, aos 63 anos, recebeu o convite para expor. Em 60 dias, criou o conjunto exibido na Copasa. “Fui pego de surpresa”, confessa.

Satisfeito, Ricardo Bergmann diz que as peças saíram exatamente como ele queria. A linguagem limpa – “sem firulas”, diz – evita o excesso de informações, além de valorizar formas, texturas e detalhes anatômicos. “Não são abstrações”, observa o autor, mas alusão sintética ao motivo representado. O fato de não esculpir até agora tem explicação simples: “Eu só pensava em pintura. Caí na marmoraria por acaso, conheci matérias e ferramentas e fui ficando”.

Em 1981, Ricardo começou a trabalhar na Marmoraria Artística Irmãos Natali. A firma foi fechada, mas fez história em BH. Suas peças e monumentos podem ser vistos no Cemitério do Bonfim, igrejas e praças. O escultor comemora o novo momento. “Estou achando ótimo, porque já estava cansado de encomendas e trabalhos comerciais”, conclui.

ESCULTURAS


Trabalhos de Ricardo Bergmann. Galeria de Arte Copasa, Rua Mar de Espanha, 525, Santo Antônio. Diariamente, das 8h às 19h. Até dia 16.

MAIS SOBRE E-MAIS