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“O que está no palco é o que vivemos: a cidade vazia, fechada em círculos, pessoas fugindo para outros lugares. Um sistema de forças em decomposição, que leva ao marasmo indolente e à permanência de tudo como está”, explica Márcio Meirelles, contando que o texto traz o que ele gostaria de dizer ao público. O diretor vê na peça desde temas ligados à angústia, ao silêncio e à solidão das pessoas como à sociedade que obriga a consumir tudo, histericamente. Tudo com interpretação realista, visando criar conexão entre o discurso metafórico e a plateia. “É assim que entramos nos sonhos, como se tudo fosse real”, justifica.
CRISE Para Meirelles, grande desafio é a crise gerada por momento em que qualquer um pode “representar a si mesmo” (com o celular, por exemplo) e ter grande público, o que levaria a desinteresse pelo teatro. “O teatro pode ser, de novo, urgente, necessário. Voltar a ser um lugar em que o público se veja, reveja e até se distraia. Pode voltar a ser o lugar do debate”, defende, elogiando o movimento Passe Livre pelo fato de ele colocar a sociedade para discutir. Meirelles acha positiva a multiplicação de estéticas (teatro instalação, literário, televisivo, tecno etc.) na cena contemporânea. “Mas qualidade é essencial”, observa.
Espelho para cegos
Espetáculo de Matéi Visniec, com encenação de Márcio Meirelles. Nesta sexta-feira e sábado às 21h; domingo, às 19h. Grande Teatro Sesc Palladium, Avenida Augusto de Lima, 420 – Centro, (31) 3214-5350. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada).