Biografia aborda todas as grandezas e contradições humanas de Alan Kardec

Marcel Souto Maior, o mesmo autor de As vidas de Chico Xavier, reconstitui a trajetória do mais importante mentor do espiritismo

por Ricardo Daehn 04/01/2014 12:36

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Arquivo Pessoal
Souto Maior: independência ao escrever a história do líder espírita (foto: Arquivo Pessoal)

Numa obra independente, longe da submissão a consultas, o jornalista Marcel Souto Maior prezou a neutralidade, na elaboração de Kardec: a biografia. “Entro na pele do biografado e, em seguida, saio dela. Uso poucos adjetivos e emito o mínimo de juízo de valor. Termino um capítulo com um ‘não tenho dúvidas de que os espíritos atuam, influenciam; mas você termina o outro, e diz: ‘não acredito mais em nada: pronto, parei de acreditar’”, ressalta. Textos da Revista Espírita forneceram poderosos traços: “Tive a voz dele, muito clara”. Fato incontestável, na mecânica de trabalho de Souto Maior — que seguiu os marcos da linha da vida de Kardec, dispostos em esquema à frente da escrivaninha — esteve no sentimento de perpetuação: 144 anos após a morte, só no Brasil, 15 mil centros espíritas propagam preceitos do homem nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail.

“Continuo não espírita. Brincam comigo que continuo duro na queda. Admiro mesmo, e sem reservas, o espiritismo da solidariedade. O ato do trabalho social em favor do outro. Ele mobiliza milhões de pessoas. Cada centro é um polo de estudo e de caridade”, observa Souto Maior. “Sujeito à fraude, autossugestão e ilusão”, o fenômeno espírita é digno da preocupação do escritor. “Nesse terreno, entro com minhas antenas de jornalista muito ligadas. O que é verdade? O que a ciência não explica? Digo, aliás, que minha fé não é consolidada: ela é cheia de altos e baixos”, conta o jornalista.

Respeito

O conhecimento atido à ciência dá relevo positivista a Souto Maior. “Eu me identifico muito com o Kardec da primeira fase, quando ele era um professor cético. Gosto muito dos três primeiros anos nos quais ele é um investigador. Atento à ciência, pensa se aquelas mensagens do invisível não são do inconsciente do próprio médium”, sublinha. Souto Maior só não baixa a guarda, no respeito à mediunidade e aos “dados inexplicáveis”.

Parte dos passos no terreno movediço ficam patentes. “Depois que Kardec veste o casaco de general e vira o missionário, para divulgar o espiritismo, ele, às vezes, aposta em médiuns que se revelam farsas e em fenômenos que se revelam fraudes. Ele reavalia muito e se encaminha para cunhar o estandarte dele de que ‘fora da caridade não há salvação’. Nisso, acho que ele estende a definição até para o espiritismo”, analisa o mesmo autor de As vidas de Chico Xavier, que rendeu a venda de um milhão de exemplares.

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