Montagem da Luna Lunera, 'Prazer' atraiu mais de 10 mil espectadores em BH

Espetáculo mostrou que há público interessado em dramaturgia de qualidade. Corpo e Galpão estrearam espetáculos

por Carolina Braga 26/12/2013 07:20

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Paula Carvalho/Divulgação
A peça 'Prazer', da Luna Lunera, consagra o amadurecimento da companhia mineira, que foi reconhecido pelo público (foto: Paula Carvalho/Divulgação)
Teve gente que viu uma vez e voltou para levar os amigos. Outros exageraram, estiveram na plateia sete vezes. Uma turma combinou de invadir o palco e assim fez. Na hora H, lá estavam eles no meio do flashmob. Caneta e papel na mão também era cena corriqueira. Frases como: “A vida não é de se brincar”; “Tudo é só por enquanto. Enquanto estamos vivos”; e “Liberdade é não ter medo” saíram das paredes do cenário da montagem da Cia. Luna Lunera e foram levadas como lembrança. Por tudo isso, 'Prazer' foi o grande destaque do ano nas artes cênicas.


Era uma temporada cercada de expectativas. Foi quase um ano esperando para estrear em Belo Horizonte. Quando 'Prazer' chegou, foi logo mudando o padrão. Onze semanas consecutivas em cartaz, sempre com casa cheia. Em mais de 40 apresentações, cerca de 10 mil pessoas compartilharam da vivência de quatro amigos, habitantes de um país estrangeiro, imersos em uma profunda e arriscada tentativa: buscar a alegria. Que sirva de exemplo.

Passou batido – não fossem temporadas tão curtas, como é costume por aqui, mais pessoas poderiam ter visto – por exemplo, 'Luís Antônio – ,Gabriela'. O documentário cênico da Cia. Mungunzá era daqueles que estavam na fila para vir à cidade há um tempão. Passou pelo Palco Giratório em apresentação única no Sesc Palladium. Outro pouco visto foi o mestre da arte do butô, Yoshito Ono. O filho de Kazuo Ono esteve em Ouro Preto para oficinas e apresentações para público restrito.

Já o número de espectadores de óperas na capital manteve-se alto. Cerca de 18,5 mil pessoas viram as produções do gênero, especialmente criações de Fenando Bicudo para a Fundação Clóvis Salgado. Das três produções apresentadas, ele assinou a direção de duas: 'Fedra e Hipólito' e 'Um baile de máscaras'.

Nas comédias, renovação no cardápio. A dupla Ílvio Amaral e Maurício Canguçu dirigiu Kayete e Felipe Cunha em 'As sereias da Zona Sul', de Miguel Falabella e Vicente Pereira. Outras novidades foram '7 lições para se conquistar um homem (quase) perfeito', de Fernando Gomes, e 'Rose, a doméstica do Brasil', com Lindsay Paulino.

Palcos
Enquanto o público de Belo Horizonte continua sem os teatros municipais – Francisco Nunes e Marília permanecem fechados – novos espaços particulares foram inaugurados. Em março, o Teatro Brasdesco abriu as portas, com capacidade para 613 pessoas e tecnologia de ponta. No segundo semestre, começaram a funcionar o Cine Theatro Brasil Vallourec, com dois espaços (um para 1 mil espectadores e o outro com 200 lugares), e o Centro Cultural Banco do Brasil. O prédio histórico, na Praça da Liberdade, abriga sala de espetáculos com plateia de 266 lugares e espaço alternativo com capacidade para 158 pessoas.

Rumos
No ano em que anunciou sua saída da companhia que ela ajudou a fundar, o Espanca!, Grace Passô consagrou-se como diretora de outros projetos em Belo Horizonte e São Paulo. Em Minas, dirigiu 'Os ancestrais', espetáculo do Grupo Teatro Invertido. No segundo semestre, destacou-se em São Paulo pela direção de 'Contrações', texto do inglês Mike Bartlett. O espetáculo, que aborda a tensão do mundo corporativo, é protagonizado pelas atrizes Yara de Novaes e Débora Falabella, vencedoras do Prêmio APCA de interpretação pelo trabalho.

Solos
Reflexo das dificuldades de produção, em 2013 houve profusão de solos – e de todos os gêneros. Em BH, o Esquyna Espaço Coletivo Teatral dedicou um festival aos monólogos, com sete trabalhos, entre eles quatro estreias: 'Miradas do caos', de Fernanda Preta; 'O ano em que virei adulto', com Gustavo Falabella; [gaveta], de Camila Morena da Luz; e Get out!, de Assis Benevenuto. E já que a adesão ao gênero é nacional, a paulistana Cia. Hiato finalmente veio a BH com o conjunto de cinco solos do projeto Ficção; Marco Nanini foi irônico com 'A arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento'; Gregório Duvivier abraçou o lirismo em Uma noite na Lua, de João Falcão; e Enrique Diaz se mostrou audaz com 'Cine Monstro'.

Reencontros
Foi emocionante o reencontro do Grupo Galpão com o diretor Gabriel Villela em 'Os gigantes da montanha'. O texto de Luigi Pirandello foi levado para as ruas, em montagem colorida, musical, poética e profunda. Já o Giramundo contou com a preciosa ajuda da marionetista Madu Vivacqua nos bastidores de 'As aventuras de Alice no País das Maravilhas'. Ela, que é uma das fundadoras do grupo ao lado de Álvaro Apocalypse e Terezinha Veloso, colaborou na adequação de alguns bonecos e criou o Chapeleiro Maluco.

Passos
O Grupo Corpo teve um ano atribulado. Problemas de saúde do diretor e coreógrafo Rodrigo Pederneiras ameaçaram a estreia de 'Triz', novo balé da companhia. Com muito empenho, o calendário foi mantido. O exercício dos limites e do risco inserido na dança marcam a criação, cuja trilha sonora é assinada por Lenine. Também foi momento de estreia para a Cia. Mário Nascimento, com a continuidade da pesquisa sobre territorialidades em 'Nômade'. O Primeiro Ato levou para a cena discussão sobre a normalidade/anormalidade, em 'Só um pouco a.normal'. Já o coletivo Movasse apostou na interação com 'Playlist'. A Cia. de Dança Palácio das Artes investiu nas performances com 'brancoemMim'.

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