Documentário 'Pipiripau, o mundo de Raimundo' tem estreia nesta sexta

Filme mescla a história do presépio à de seu criador e a da própria cidade. Monumento está em reforma, mas Pipirinho pode ser visitado

por Walter Sebastião 20/12/2013 10:00

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Cristiano Quintino/Divulgação
Pipiripinho estará disponível para visitações até o dia 1º de janeiro (foto: Cristiano Quintino/Divulgação)
O mais famoso presépio de Belo Horizonte poderá ser visto na tela do cinema a partir de hoje, com a estreia do documentário 'Pipiripau', o mundo de Raimundo, dirigido por Aluzio Salles Júnior. Com fotos, animação, depoimentos, imagens espetaculares e detalhadas da obra, o filme conduz o espectador para uma visita fascinante ao presépio, inclusive pela mirabolante engrenagem que lhe dá movimento.


“O Pipiripau é genial. É fé e invenção”, afirma Aluizio. Ele defende que a obra de Raimundo Machado vai além de um presépio. “É o mais importante monumento cultural de Belo Horizonte”, garante, avisando que se trata de peça requintada do ponto de vista artístico e mecânico. Com sucata, explica o diretor, um artesão com habilidades mecânicas e artísticas criou uma comovente história da vida Cristo, que alude, de forma singela, aos recursos da modernidade (máquina a vapor, eletricidade, carros, indústria etc.) que Belo Horizonte recebeu ao ser criada.

“Está impressa na concepção do presépio a visão de um menino que veio do interior e viu Belo Horizonte crescer”, observa o diretor. E conta também o cotidiano de Raimundo Machado. Marceneiros, soldados, músicos, sapateiros, em meio a cenas bíblicas, seriam observações do artista, morador da periferia que via o que estava além da Avenida do Contorno.

 

 

O criador  O Presépio do Pipiripau foi criado por Raimundo Machado (1894-1988), artista que nasceu em Matozinhos, na Grande BH, e chegou à cidade aos 4 anos. Sua família deixou Diamantina para morar na capital mineira, instalando-se na Colônia Américo Werneck (região onde hoje estão os bairros Santa Tereza, Floresta, Horto e Sagrada Família), conhecida então como Pipiripau. As primeiras (das 580) peças do presépio foram feitas em 1906, quando Raimundo tinha 12 anos, e montou um presépio numa caixa de sapato. Com o passar do tempo, o artista foi ampliando a obra, o número de figuras e deu movimento a elas por meio de diferentes engrenagens. Em 1984, o Pipiripau foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 1976, foi transferido para o Museu de História Natural da UFMG, onde está até hoje.

>> Para visitar


Bíblias

Beto Magalhães/EM/D.A Press
(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
'Contos de Natal' o nome da exposição que está sendo apresentada no setor Coleções Especiais da Biblioteca Pública Luís de Bessa (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Mostra ilustrações, em livros dos séculos 17 e 18, com a cena do nascimento de Jesus. Aberta das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira. Até 6 de janeiro de 2014. Entrada franca. Informações:
(31) 3269-1166.

Episcopal
Presépio com 11 imagens de grande formato está instalado nas escadarias da entrada do Palácio Cristo Rei (Praça da Liberdade, 263, Funcionário).
O local pode ser visitado diariamente, até 6 de janeiro de 2014, das 7h às 23h.

Ouro Preto

FAOP/Divulgação
(foto: FAOP/Divulgação)
Aberta até 6 de janeiro na galeria de arte da Fiemg, em Ouro Preto (Praça Tiradentes, 4, Centro), a mostra do 41º Concurso Nacional de Presépios da Ufop. Apresenta 27 peças de diversos estados. O visitante pode votar para a escolha do melhor presépio. Aberto diariamente, das 9h às 19h. Fechado de 23 a 25, dias 30 e 31 e em 1º de janeiro de 2014. Entrada franca. Informações: (31) 3551-3637.

Rodoviária de BH

FMC/Divulgação
(foto: FMC/Divulgação)
'Presépios e folias' é o nome da exposição que está sendo apresentada no terminal rodoviário de Belo Horizonte (Praça Rio Branco 100, Centro). Reúne 15 trabalhos de comunidades de BH, confeccionados em oficinas de arte de centros culturais da Fundação Municipal de Cultura (FMC). Até 6 de janeiro de 2014.

Serra da Piedade
Cerca de 15 presépios de Belo Horizonte, Caeté, Sabará e Santa Luzia estão reunidos na mostra Natal, que está sendo apresentada, até 6 de janeiro de 2014, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade (Caeté). Aberto diariamente, das 7h às 18h. A entrada de pedestres é gratuita e carros pagam R$5. Informações (31) 3651-6335.

Passeio delicioso

Em breves 70 minutos 'Pipiripau – o mundo de Raimundo', de Aluizio Salles Júnior, cumpre o que o título promete: apresentar elaborado retrato de artista singular, cuja obra encanta Belo Horizonte há décadas, e o contexto que ele viu e viveu. E assim entra em cena uma personagem muito especial, que ainda não tinha ganhado filme à altura: a cidade de Belo Horizonte. Da época em que foram criados os principais monumentos, do Pirulito da Praça Sete ao prédio central da Praça da Estação.

É notável como o diretor, de forma minuciosa, leve e envolvente, trabalha o artista e cidade, com harmonia, criando diálogos entre eles. E, o melhor, sem provincianismo. O resultado é delicioso passeio, quase pitoresco, por capital de prédios com arquitetura francesa no meio de região que era mato e poeira. Lugar cuja população foi contemporânea dos primórdios do cinema e do automóvel. E que festejou o surgimento da luz elétrica e a metropolização da vida urbana.

'Pipiripau – o mundo de Raimundo' é bom cinema, não apenas história interessante. Música, montagem, narração, extensa iconografia, animações precisas, somam-se, criando um filme divertido, despretensioso e muito envolvente. Chama atenção o capricho e a habilidade de Aluizio Salles para articular amplo leque de informações, criando obra rica de questões. De fato um filme-ensaio, que acaba revelando algo muito saboroso: olhar popular sobre a metrópole e a modernidade, inscrito no Presépio do Pipiripau.

O ponto de partida para o documentário foi uma entrevista de cinco horas com Raimundo Machado, feita pela historiadora Vera Alice Cardoso Silva. A presença dela no filme ganha, involuntariamente, sentido de homenagem a historiadoras mineiras (várias delas fazem parte) e à historiografia inovadora, que criou solo fértil sobre o qual brotou nova sensibilidade para perceber a singularidade de Belo Horizonte, solo do qual, de certa forma, o próprio filme é exemplo.  

Versão reduzida


Quem quiser ver a obra de Raimundo Machado ao vivo terá que se contentar com o Pipiripinho. Trata-se de versão menor do presépio (3m X 3m), também com movimento, feita pelo artista para ocasiões em que o original estivesse em manutenção ou exposto em outra cidade. Junto com a peça está sendo realizada mostra com o projeto de modernização e ampliação do espaço físico do local. A versão grande do Pipiripau está fechada ao público desde 2012. O objetivo, como explica Fabrício Fernandino, era realizar diagnóstico das necessidades da obra, além de elaborar projeto arquitetônico. Será construído prédio específico para a peça. Estão previstos para fevereiro de 2014 o início da restauração artística e a licitação para a construção da sede do projeto. O Pipiripinho funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, Rua Gustavo da Silveira, 1.035, Santa Inês, (31) 3409-7600. Ingressos: R$ 4. Estará fechado nos dias 24, 25 e 31 e em 1º de janeiro de 2014.

 

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