Seminário, performances, show e instalação lembram os 100 anos de Vinicius de Moraes

O escritor revolucionou a música popular brasileira. Programação do Sesc vai até dia 26

por Ailton Magioli 08/10/2013 08:10

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Chico Nelson/divulgação
Vinicius de Moraes com a cantora Miucha em um de seus concorridos shows (foto: Chico Nelson/divulgação)
O centenário de Vinicius de Moraes (1913 – 1980) é alvo de extensa agenda que o Serviço Social do Comércio (Sesc MG) promove até dia 26 em vários pontos da capital mineira. “A ideia é mostrar toda a diversidade da obra de Vinicius. Da música à literatura, passando por cinema, teatro e performance, ele deixou sua marca na cultura brasileira”, afirma Mário Alex, coordenador de projetos do Sesc no estado. Poeta, compositor e diplomata, ele nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro.

No fim da tarde de hoje, na Praça da Estação, o elenco do Grupo Obscena apresentará a performance 'Fatos da cidade – Procura-se uma rosa'. A atriz Lissandra Guimarães explica que o conjunto de ações tem a obra do poeta-compositor como fonte de inspiração. 'Dando um toque no Vinicius', por exemplo, inclui a fixação de cartazes em vários pontos da cidade. Nesta terça (na Praça da Estação) e quarta (na Praça da Liberdade), será a vez de 'Remexendo Vinicius': de dois a 10 atores apresentam músicas, textos e falas do artista.

Um olhar sobre o vasto legado do artista é o que promete o seminário 'Vinicius – Poesia e música', que terá entre os expositores o cantor e compositor Luiz Tatit, professor da Universidade de São Paulo (USP). “Minha abordagem incidirá sobre o cancionista e sua contribuição direta para a configuração da canção brasileira como nossa grande linguagem estética, bem mais influente do que a música erudita e a própria literatura”, antecipa Tatit. Ele analisará dois clássicos da bossa nova: 'Garota de Ipanema' e 'Eu sei que vou te amar'.

De acordo com Luiz Tatit, na obra de Vinicius a oposição é maior entre poesia e letra do que entre poesia e melodia. “Ele nunca foi músico, no sentido próprio da palavra. Gostava de ser reconhecido como letrista, aquele que constrói letra adequada à melodia que lhe foi entregue. Trata-se de um pensamento e de um estado de espírito muito diferente do desenvolvido pelo autor de poemas escritos. A melodia, normalmente composta antes, já define os sentimentos e às vezes até a temática tratados na letra. Vinicius teve que se despir dos recursos da poesia escrita para, depois de muito treino, chegar a uma boa letra de canção”, explica o compositor.

Segundo Tatit, a mesma dificuldade que o cancionista sente para compor sonatas eruditas ou escrever sonetos é experimentada pelo músico para criar a melodia e pelo poeta para escrever uma letra bem-elaborada, compatível com a melodia. “São linguagens diferentes que dependem de exercícios específicos”, acrescenta. O professor lembra que alguns temas recorrentes na poesia escrita de Vinicius migraram para letras de suas canções. “É o caso de ‘Mulher que passa’ e das grandes declarações de amor. Mas para por aí. O empenho do artista foi no sentido de se despojar das técnicas eruditas e de se imbuir dos recursos da linguagem oral cotidiana, bem mais útil na composição de canções”, observa Tatit.

Letra

Popularmente consagrado via MPB, o poeta Vinicius de Morais continua solenemente ignorado, na opinião de alguns. “Não sei dizer se ele gostaria de ver esse quadro revertido, pois admirava mais os letristas que os poetas, embora tenha deixado obra escrita muito expressiva. Não faltam pesquisadores dessa obra na esfera acadêmica. Entretanto, o que repercute mais é sempre a influência de suas letras”, afirma Tatit. Em parceria com o colega Ivã Carlos Lopes, o professor da USP escreveu 'Elos de melodia e letra' (Ateliê Editorial) com análises completas das canções 'Eu sei que vou te amar' e 'A felicidade', de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Além de Luiz Tatit, vão participar do seminário os professores João Guilherme Ripper, Eucanaã Ferraz e Murilo Marcondes, sob mediação de Kaio Carmona e Roniere Menezes.

Agenda

'Fatos da cidade – Procura-se uma rosa'. Performance do Grupo Obscena. Hoje, no fim da tarde, na Praça Rui Barbosa, Centro. Amanhã, no horário de almoço, na Praça da Liberdade.

Seminário Vinicius de Moraes – Poesia e música – A poesia de VM. Teatro Júlio Mackenzie do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Hoje e amanhã, das 19h às 21h.

Instalação A banheira do poeta, por Guilherme Mansur. Foyer do Sesc Palladium. Hoje e amanhã, das 9h às 22h.

'Show Mônica Salmaso canta Vinicius'. Grande Teatro Sesc Palladium. Dia 17, às 21h. R$ 10 + 1kg de alimento não perecível. Informações: (31) 3270-8100.

Documentário 'Vinicius' – Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?, de Miguel Faria Jr. Sala José Tavares de Barros do Sesc Palladium. Dia 18, às 19h30.

Projeto Ouço, crio e recrio, com Beatriz Myrra. Foyer do Sesc Palladium. De 22 a 25 deste mês, às 9h30. Dia 26, às 15h.

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