As estreias são sempre arriscadas. No entanto, em 'Triz', novo balé do Grupo Corpo, o risco permanece. A coreografia de Rodrigo Pederneiras para a trilha original de Lenine se mantém na cabeça do espectador depois do espetáculo terminado. De certa maneira, quem estreia é o público: 'Triz' obriga a repensar o que todos achavam que sabiam de dança, de música e do Corpo.
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A soma do trabalho de Rodrigo Pederneiras (coreografia), Lenine (música), Paulo Pederneiras (cenografia e iluminação, esta com Gabriel Pederneiras) e Freuza Zechmeister (figurino), aliada à interpretação dos bailarinos, poderia resumir um grande espetáculo. Sem dúvida, é. Mas tem mais.
'Triz' tem identidade própria, que dialoga com a história do grupo, mas incorpora elementos originais que desafiam o espectador. O primeiro deles é a mescla, quase impossível, de caos e ordem. O coreógrafo foi longe em sua ousadia ao misturar tempos e formações, com duos e trios criados e desmanchados o tempo todo. Os conjuntos se deslocam lateralmente, dando sensação de bidimensionalidade, para depois explodir em outras configurações de volume e espaço.
O cartesianismo vicário da estrutura do palco, que poderia ser pensado como o mecanismo interno de um grande instrumento, faz bailarinos se moverem como objetos que se entrechocam e interferem na sonoridade. Convoca-se o olhar de quem a assiste a buscar nova ordem na aparente desordem. Na vida não há puro caos ou cosmos, mas “caosmos”.
'Triz' não tem medo de enfrentar barreiras. É um exercício de coragem. Para o público que costuma esperar a perfeição, o Corpo foi adiante.
TRIZ
Local: Palácio das Artes
Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537, Centro
Informações: (31) 3236-7400
Segunda-feira, 21h (sessão extra); terça-feira, 20h30 (ingressos esgotados)
Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)