Projeto I.R.A. aposta na interiorização da cultura e lança livro sobre suas experiências em Minas Gerais

Câmara obscura inspirou ação de coletivo artístico na Região do Campo das Vertentes

por Walter Sebastião 18/07/2013 06:00

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I.R.A/reprodução
(foto: I.R.A/reprodução)
Em março, os fotógrafos Eustáquio Neves e Miguel Chikaoka e os integrantes do coletivo Sem Eira Nem Beira, de São João del-Rei, reuniram-se por 10 dias para realizar o projeto Inter residências ações (I.R.A). Idealizada pelos mineiros Pedro Motta e Daniel Perini, a proposta era investigar por meio da fotografia a paisagem da Região do Campo das Vertentes, considerando perspectivas abertas pela land art. Esse movimento desenvolve propostas conceituais e ecológicas junto à natureza, pesquisando novos espaços, materiais e formas de criar.

O grupo decidiu criar uma câmara obscura, espécie de máquina fotográfica primitiva feita com barraca fechada de 3m por 3m, que permite captar imagens. E com ela a equipe viajou por vários locais. O resultado desse trabalho está no livro que será lançado amanhã, no câmpus Santo Antônio da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Em frente ao local será instalada uma câmara obscura, com a qual o público vai interagir.

“É a imersão na paisagem natural da região”, observa Daniel Perini. A publicação deveria ser um catálogo, mas os participantes do projeto deram a ela o caráter de livro de artista. “Residência proporciona intensa troca entre os artistas. Nesse sentido, o legado dela não é uma escultura ou um quadro, mas experiência, convívio e conhecimento das possibilidades de fazer as coisas”, observa Perini. O trabalho leva assinatura coletiva.

Seguindo a concepção de Daniel Perini e de Pedro Motta (que está morando em São João del-Rei), o projeto I.R.A é atividade anual. Tem como eixo a interação entre manifestações artísticas e a paisagem. “Mas tudo depende de recursos. A proposta é fixar um chão de diálogo e reunir criadores na cidade em contexto de conversa e reflexão”, explica Perini. A dupla está seduzida por ações com criadores ligados ao teatro e à música. São João del-Rei, explica Perini, conta com muitos jovens artistas e a receptividade da universidade federal.

“Há nova cena cultural e artística no interior. Ela surgiu paralelamente à expansão das universidades”, explica Daniel Perini. Em 2012, ele executou o projeto Paralaxe lab, dedicado ao vídeo. Essa ação simultânea, movida por 10 coletivos mineiros, ocorreu em 10 cidades e foi transmitida on-line. A partir dessa iniciativa surgiu o coletivo Sem Eira Nem Beira. “Interiorização é processo rico. Falta conseguir apoio para distribuir os trabalhos realizados e atenção para o que vem sendo produzido”, conclui Perini.

I.R.A
Lançamento de livro de fotos e vídeos. Nesta sexta-feira, às 15h. Anfiteatro do câmpus Santo Antônio da UFSJ, Praça Frei Orlando, 170, Centro de São João del-Rei, (32) 3379-2300.

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