Artista plástica Niura Belavinha troca BH pela Suíça em nome de pesquisa

Estudo que já rendeu críticas preciosas terá nova versão no país europeu

por Sérgio Rodrigo Reis 14/07/2013 10:56

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Cristina Horta/EM/D. A Press
(foto: Cristina Horta/EM/D. A Press)
A artista plástica Niura Bellavinha está prestes a enfrentar novo desafio. Partirá para a Suíça, em breve, onde fará outra versão de uma pesquisa que lhe rendeu várias críticas importantes, trabalho baseado no processo de “transferência da paisagem”. A fase também é de mudança e ampliação do ateliê de Belo Horizonte. “Vinha aqui visitar minha mãe e ficava vários dias sem trabalhar ou fazendo coisas pequenas, pois, até então, criava na sala de meu apartamento. Resolvi ir para uma casa e isso está me fazendo ficar mais por aqui”, conta ela, que há vários anos também vive no Rio de Janeiro.

A necessidade de maior espaço não é exatamente exigência do ofício. “Existe um mito de que meus trabalhos são grandes. É relativo. Na verdade, as pinturas começam no desenho de tamanhos variados. Vou realizando exercícios até chegar ao que quero. Vou soltando a mão e pensando em como seria aquele conceito na pintura”, explica. O resultado pode ser monumental mas, não raras vezes, também se materializa em pinturas menores. O “ateliê casa” que ela acaba de montar é o local onde organiza ideias, conceitos, desenvolve criações em variadas frentes e também onde recebe amigos. “É um lugar de encontro, onde pessoas de outras áreas poderão vir para falar sobre arte e ou participar de leituras. Futuramente, estou pensando em abrir para residências artísticas”, adianta.

Os projetos do ateliê em Minas ganharão fôlego depois da residência na Suíça, que deve ocorrer a partir de agosto, inspirada em processo de criação semelhante ao realizado em Belo Horizonte e no Japão. Quando foi convidada para expor no Museu de Arte da Pampulha (MAP), em 2006, depois de observar a paisagem à volta, resolveu levá-la para dentro do museu. “Não só usei água da lagoa, que tratamos para usar na pintura, como fiz os desenhos de vidro a partir de resinas transparentes.” A repercussão da exposição a levou a outros projetos. Em 2011, quando visitou o Lago Biwako, nas proximidades de Kioto, para outra residência, impressionou-se com o entorno e resolveu retomar, ampliar e potencializar a pesquisa iniciada na Pampulha.

Também partiu da ideia de “transferência da paisagem” na criação do projeto japonês, que foi, inicialmente, inspirado ainda no traço cultural dos orientais de dormirem no chão. “Queria mexer com essa história do descanso do corpo”, conta. Niura levou colchões com água do Lago Biwako misturada à da Lagoa da Pampulha para o galpão de uma antiga fábrica de saquê. No teto, projetou imagens do espelho d’água do lago. E, numa casinha dentro do galpão, onde os operários meditavam, instalou monitor com vídeo criado em interferência urbana. “Projetei no espelho d’água do Biwako as imagens do espelho d’água da Pampulha. Elas acabaram refletidas numa parede; e filmei o rebatimento. As pessoas se deitavam no colchão, no galpão, viam o espelho d’água projetado no teto e, na frente, esse outro vídeo do rebatimento”, conta. A repercussão, segundo ela, não poderia ter sido melhor.

A proposta para Genebra, Suíça, também se desdobrará em outras ações. Em 5 de agosto, Niura fará a primeira visita de trabalho ao Space L. Escolherá a paisagem onde trabalhará as interferências e de onde sairão as ideias dos trabalhos. Ficará um mês por lá, e se encontrará com alunos da universidade. Fará um workshop e escolherá um grupo para trabalhar na exposição. Ela também fará performance de dança em parceria com artistas locais. A multiplicidade de frentes de trabalho não é novidade na carreira dela. Além do projeto suíço, Niura, que acaba de assinar contrato de exclusividade de representação local com a Galeria de Arte Celma Albuquerque, tem se desdobrado em outras atividades. Está envolvida com a direção de arte de uma performance no Freud Museum, em Londres, e, atualmente, finaliza cenários e figurinos da peça Horácio, de Edmundo Novaes, com estreia em agosto, no Oi Futuro. “Acredito na multiplicidade. Mas tudo o que faço é pintura.”

Vida e arte

Niura Bellavinha é artista multimídia mineira. Em 1977, frequentou o curso livre de artes da Escola Guignard, em BH. Em 1978, ingressou no curso de graduação da instituição, onde se formou em pintura e litografia. No mesmo período, fez oficinas de gravura na Universidade Federal de Minas Gerais. De 1980 a 1988, foi orientada, em seu ateliê e no Núcleo Avançado de Artes, por Amilcar de Castro. Apresentou performance com o Grupo Pagu – do qual foi diretora de arte – na 18ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1985.

 

Estudou na Parsons School of Design, em Nova York, em 1986. Recebeu orientações de Iberê Camargo (1914-1994), entre 1987 e 1989. Participou da 22ª Bienal Internacional de São Paulo (1994) e foi professora do curso de pintura na Escola Guignard (até 1995). No ano seguinte, passou a viver no Rio de Janeiro. Já há alguns anos reativou o ateliê em Belo Horizonte, onde tem desenvolvido parte dos trabalhos em diferentes frentes, a partir das reflexões sobre a pintura.

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