Shows, performances e espetáculos teatrais estão na programação da 'Noite de museus'

Evento ocupa vários espaços da capital nesta sexta, até a madrugada de sábado

por Mariana Peixoto 12/07/2013 06:00

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Paula Huven/Esp. EM/D. A Press
Luiz Gomide apresenta performance de poesia em homenagem a Adélia Prado no Centro de Referência da Moda (foto: Paula Huven/Esp. EM/D. A Press)
Ao lado de museus que fazem parte do cotidiano dos moradores de Belo Horizonte como o Abílio Barreto, que conta a história da cidade, e o MAP, na Pampulha, dedicado à arte, existem vários outros, não tão conhecidos pelo público, como o da Força Expedicionária Brasileira, o Centro de Referência da Moda e o Muquifu, no Aglomerado Santa Lúcia. Pois todos eles, além de outras instituições culturais, num total de 17, ficarão abertos hoje até mais tarde, quando será realizada na capital a primeira edição da 'Noite de museus'. Com entrada franca, os espaços vão apresentar não só os seus acervos, como também trazer uma programação especial de apresentações de poesia, teatro e música (veja programação ao lado).


Criada nos moldes do que ocorre em várias capitais do mundo, a noite desta sexta-feira será aberta oficialmente às 18h, com apresentação da poeta Adélia Prado no Centro de Referência da Moda (inaugurado há menos de um ano, no Centro de Cultura Belo Horizonte, prédio neogótico na esquina da Rua da Bahia com Avenida Augusto de Lima), que vai fazer leitura de poemas que refletem sobre a memória e a passagem do tempo. Homenageada do evento, Adélia também ganhará um tributo.

“A ideia é de que o museu se abra para cidade. Queremos democratizar o acesso da população a eles, já que os próprios moradores sabem que muitos existem, mas nunca entram. E a ideia é de que o evento não fique restrito ao espaço interno das instituições. Além de exibir arte e história, queremos que nesta noite o museu se transforme em um palco”, afirma Luciana Feres, diretora de Políticas Museológicas da Fundação Municipal de Cultura, que realiza a 'Noite de museus'. Em outras cidades, como Barcelona, Paris e Roma, o evento é realizado em 18 de maio, Dia Internacional dos Museus. “Provavelmente, no ano que vem também será nessa data”, continua ela.

Cada instituição é independente para começar a terminar sua própria programação. Algumas vão até o início da madrugada, caso do Museu de Arte da Pampulha, que vai ficar aberto até 1h. O MAP volta sete décadas no tempo para apresentar evento que vai relembrar os primeiros anos da instituição, que foi concebida em 1943 por Oscar Niemeyer para abrigar um cassino. 'Uma noite no cassino' vai trazer, entre outras atrações, mostra com mobiliário da época. “As pessoas (que vão atender o público) estarão a caráter”, conta Michelle Mafra, chefe de departamento do MAP. “O cassino era conhecido como Palácio de Cristal, então vamos resgatar essa memória que de certa forma ficou perdida”, continua ela. Serão expostos carros antigos e roletas. O restaurante, que hoje não funciona mais, será aberto e servirá jantar com pratos típicos das décadas de 1940 e 1950 (os interessados devem fazer reserva).

O jardim, reformado há pouco, será reaberto. E o teatro vai contar com um show. A cantora Celinha Braga, que mora na Pampulha e tem na região uma escola de canto, vai apresentar repertório de Carmen Miranda. “Trabalhei no musical 'Hollywood bananas', dirigido por Eid Ribeiro, e era uma das Carmens da montagem. Estudei muito o repertório dela na época, bem como o jeito, o olhar”, comenta ela, que vai cantar 17 músicas – como 'Aquarela do Brasil', 'O que é que a baiana tem', 'Tico-tico no fubá', 'Touradas em Madri' – ao lado de Dodô Rodrigues (violão), Marcela Nunes (flauta) e Claudinho Santana (percussão).

 

Programação

 

» Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha, (31) 3277-7443)
l 17h30 às 22h –Exposição Arthur Arcuri: Um pingente da arquitetura
l 20h30 às 22h –Espetáculo teatral A hora e a vez de Augusto Matraga
l 22h às 23h – Espetáculo de dança Bagagem

» Centro de Arte Popular Cemig (Rua Gonçalves Dias, 1.608, Funcionários, (31) 3222-3231)
l 19h às 20h30 –Exposição Arte no Vale do Jequitinhonha – Coleção Priscila Freire – Galeria de Exposições Temporárias
l 20h às 21h –Performances Instalações Sonoras – Valores de Minas
l 21h30 às 22h30 –Apresentação musical Conexão African Beat
l 23h –Apresentação musical de violeiros

» Centro de Referência da Moda / Centro de Cultura Belo Horizonte (Rua da Bahia, 1.149, Centro, (31) 3277-4384)
l 19h às 20h – Performance O instante cultural como ingrediente fundamental na concepção do repertório da indumentária
l 20h30 às 22h –Adélia Prado
l 0h30 à 1h –Apresentação do duo de cordas Extemporâneo
l 1h às 2h –Espetáculo musical Noche de Tempero Son Cubano

» Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400)
l 18h às 22h –Exposições Coleção Itaú de Fotografia Brasileira – Galeria Alberto da Veiga Guignard; Trato, de Sara Lambranho – Galeria Arlinda Corrêa Lima; Corpo Tangente, de Bruno Rios – Galeria Genesco Murta; Festival Internacional de Fotografia – Centro de Arte Contemporânea e Fotografia

» Instituto Undió (Lado par do quarteirão da Rua Padre Belchior, entre ruas Curitiba e dos Goitacazes, Centro, (31) 3214-0363)
l 17h30 às 21h – Laboratório de intervenções Nessa rua tem um rio

» Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade, s/nº, Funcionários, (31) 3308-4000)
l 18h às 22h –Visita guiada Boa Noite Sensorial

» Muquifu (Beco Santa Inês, 30, Barragem Santa Lúcia, Morro do Papagaio, (31) 3296-6690)
l 17h30 às 21h –Instalação de Padre Mauro – Doméstica: da escravidão à extinção. Uma antologia do quartinho de empregada no Brasil; exposições fotográficas de Clarice Libânio – Favela é Isso Aí: História, Memória e Resistência; e de Jorge Quintão – Imaginário Coletivo: Meu Morro, Meu Olhar
l 20h às 21h –Espetáculo Arte Favela Ritmo e Poesia

» Museu da Força Expedicionária Brasileira (Avenida Francisco Sales, 199, Floresta, (31) 3224-9891)
l 19h às 23h –Exposição de Objetos II Guerra Mundial, grupo FEB BH se apresentará fadado como à época
l 19h30 às 23h –Visitas Guiadas por veteranos de guerra
l 20h às 21h –Documentário Lapa Azul
l 20h30 às 22h – Passeios em veículos militares históricos


» Museu de Arte da Pampulha (Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha, (31) 3277-7946)
l 20h à 1h –Mostra Memórias no tempo do Palácio de Cristal
l 20h20 às 21h –Oficina Educativa
l 21h às 22h –Show Celinha Braga canta Carmen Miranda
l 22h às 22h40 –Oficina Educativa
l 22h às 23h –Apresentação da Escola de dança Paola Marques
l 23h à 0h –Show Celinha Braga canta Carmem Miranda
l 0h à 1h –Apresentação da escola de dança Paola Marques

» Museu de Artes e Ofícios (Praça Rui Barbosa, s/nº, Centro, (31) 3248-8600)
l 17h30 às 23h –Exposições Coleção Artes e Ofícios e Universo de Bordallo
l 20h às 21h –Show de Ricardo Novais

» Museu dos Brinquedos (Avenida Afonso Pena, 2.564, Funcionários, (31) 3261-3992)
l 17h30 às 21h –Exposições A fascinante história dos brinquedos e Brinquedos dos anos 80; Oficina Construção de brinquedos
l 19h às 20h –Espetáculo de narração de história e música Contos de lá nos contos de cá

» Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim, (31) 3277-8573)
l 17h30 às 23h –Exposições A casa e a cidade: a construção do espaço doméstico e da lembrança em BH; A mitra e a coroa: espaço e sociedade – A formação do Arraial do Curral del Rei; Belo Horizonte F.C. – Trajetórias do futebol na capital mineira; Uma história, dois personagens
l 17h30 às 19h –Espetáculo teatral O Caboclo Zé Vigia
l 20h às 21 –Performance Cidade Jardim
l 21h às 22h –Exibição de curtametragens Crav ao ar livre

» Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201, Centro)
l 17h30 às 22h –Exposições Inimá de Paula e Luís Dolino: Fantasia exata
l 18h às 19h –Show de Léo Brasil na Praça Rômulo Paes
l 19h30 às 20h30 –Show Maracatu Lua Nova
l 20h30 às 21h30 –Show Savassi Festival Felipe José Quarteto apresenta Circvlarmvsica

» Museu Itinerante Ponto UFMG (Centro Pedagógico, Rua Dr. Fernando de Melo Viana, 80, Câmpus UFMG, (31) 3409-5179)
l 18h às 21h –Visita ao caminhão adaptado com seis ambientes

» Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Funcionários, (31) 3269-1103)
l 18h às 22h –Exposições de acervo – Coleções do Museu Mineiro e Espaços Compartilhados da Imagem
l 20h às 21h30 –Apresentação musical Fino do Choro

» Oi Futuro (Avenida Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras, (31) 3229-3131)
l 18h às 23h –Exposição Fluxus
l 19h às 21h –Visita guiada pelos núcleos do museu e galeria, relacionando seus conteúdos filmográficos e a obra Alphaville
l 20h às 21h –Exibição do filme de Jean-Luc Godard – Alphaville

» CentoeQuatro - Cine104 (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro, (31) 3222.6457)
|17h30 - Exibição do filme 'O dia que durou 21 anos' (Brasil)

|19h - Sessão do curta: 'Piove, Il film di Pio'' e em seguida estreia do filme 'A cidade é uma só'

|21h - Apresentação do documentário 'Crazy Horse'(EUA, França)

 

Carol Reis/Divulgação
(foto: Carol Reis/Divulgação)
Três perguntas para...

Adélia Prado, escritora


Poesia deve ser lida em voz alta ou em silêncio?
As duas coisas. Adoro ler poesia para um grupo que está realmente atento. Outro dia, me pediram para ler em praça pública. De jeito nenhum, porque tem pipoqueiro passando, carro buzinando... Fiz essa experiência uma vez e detestei. Praça é lugar de show de pop star. Ler poesia tem que ser em pequenas capelas, auditórios. Você tem que ouvir de fato, porque é na audição que a emoção chega para o outro. Agora, é uma delícia pegar um livro no silêncio.

Como a senhora faz para lidar com a passagem do tempo?
Do ponto de vista biológico, não tem conversa. Você percebe seus limites naturais e também as doenças que querem aparecer. Vê um retrato seu e pensa: ‘Nossa Senhora! Não pode ir para a carteira de identidade.’ Aí, passam 10 anos e você vê que estava ótima e não tinha percebido. Tirar foto é um exercício de humildade pois ficar velho é difícil, e a juventude é um valor vital. Jovem, a gente quer tudo. Velho, você tem que elaborar uma realidade nova, pois velho dando birra é o espetáculo mais triste que tem. Mas dá para ser feliz velho, flácido, enrugado, com um ‘diabetizinho’. É um aprendizado e você tem que aceitar a mudança. E ser velha não me impediu de ir nas passeatas. Estava em São Paulo, peguei minha filha, netos, e fomos. Pode me chamar para a rua porque vou de porta-bandeira.
 
A senhora é frequentadora de museus?
Não, sou frequentadora de livros e de pintura. Não temos museu de pintura, o nosso é o que registra a memória da cidade, já estive lá, sei do que se trata. Sobre os museus de arte, visitei alguns quando saí a primeira vez do Brasil. Em São Paulo, fui a outros. Aqui, visito volumes de pintores. Van Gogh acaba comigo.

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