Livro organizado por Sávio Leite analisa a criação do Curso de Animação da UFMG e dos 10 anos da Mumia

Desafios postos aos animadores mineiros estão descritos em 'Subversivos - O desenvolvimento do cinema de animação em Minas Gerais'

por Walter Sebastião 09/07/2013 06:00

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Sávio Leite/Divulgação
Sávio Leite defende que o Mumia não tenha seleção, para permitir apresentação de criadores independentes (foto: Sávio Leite/Divulgação)
A novíssima arte do Brasil ganha livro pioneiro e histórico: 'Subversivos – O desenvolvimento do cinema de animação em Minas Gerais' (Favela é isso aí Editora), organizado por Sávio Leite. O volume traz duas histórias, com direito a entrevistas de quem participou delas: a da criação do Curso de Animação da Escola de Belas-Artes da UFMG, o primeiro e durante algum tempo o único do Brasil; e a criação Mostra Udigrudi Mundial de Animação (Mumia), festival democrático que exibe tudo o que é inscrito, sem seleção. Ambos estão completando 10 anos de existência.


“Sempre senti a necessidade de estudos acadêmicos sobre animação, ainda hoje praticamente inexistentes”, observa Sávio Leite, professor de animação, criador e diretor do Mumia. A rarefação de estudos, para ele, tem motivos: “Há muito preconceito contra a animação. Confundem com produção para crianças. É sempre uma luta aprovar projetos de animação em editais de incentivo. Os animadores são obrigados quase a aprovar uma lei para conseguir recursos”, conta. “O projeto inicial era a realização de trabalho sobre animação no Brasil, mas vi que fazer um recorte com os mineiros já estava bom”, avalia o organizador.

A animação contemporânea feita em Minas Gerais começa com atividades do Núcleo de Animação, produto da parceria da Embrafilme e National Film Bord, do Canadá, a partir do curso da UFMG. Base inicial surgida de projeto do animador Marcos Magalhães – diretor do premiado 'Meow' e mais tarde um dos criadores do Anima Mundi – de implantação de núcleos de animação em pontos estratégicos do Brasil. “O curso e o núcleo despertaram muito interesse, o que permitiu que muita gente talentosa pudesse desenvolver alguns trabalhos”, observa Sávio. Ele lembra que a atividade contava com o apoio entusiasmado de professores da UFMG, como José Tavares de Barros e José Américo Ribeiro, ambos já falecidos.

Anticuradoria A origem do Mumia, por sua vez, recorda Sávio Leite, veio como forma de enfrentar a questão da exibição e circulação do que era realizado em Minas Gerais. A opção pela não seleção dos inscritos tem motivo divertido: “Sou realizador de filmes, vi meus curtas apresentados em mostras fora do Brasil e recusados aqui. Sempre questionei curadoria e quis criar evento anticuradoria”, recorda. “Há massificação nos festivais. Exibem-se sempre os mesmos filmes”, protesta. “O Mumia é o único festival que exibe tudo que recebe”, afirma, vaidoso.

Desafios postos aos animadores mineiros, para Sávio Leite, é a ausência de indústria ou mercado, o que obriga a escolher entre produção independente ou sair do Brasil. O Mumia, conta o diretor da mostra, vem enfrentando um problema que tem ameaçado o evento: a cobrança de taxas do Ecad quando os filmes têm trilhas sonoras protegidas. “Não aceitam nem documento atestando que o autor liberou os direitos”, conta. Motivo de comemoração, aponta, tem sido realizar anualmente mostra que exibe obras que não circulam em outros festivais. “É oportunidade de todos apresentarem a sua arte”, afirma.

Favela é isso aí/Reprodução
(foto: Favela é isso aí/Reprodução)
Subversivos – o desenvolvimento do cinema de animação em Minas Gerais

Organização de Sávio Leite Favela é isso aí Editora, 470 páginas, R$ 40.O livro pode ser solicitado pelo endereço leitefilmes@gmail.com.

NA REDE


Coletânea com as realizações do Núcleo de Animação podem ser encontradas na Biblioteca da UFMG, no câmpus da Pampulha. Sávio Leite conta que teve acesso, por intermédio do professor José Américo Ribeiro, a 10 DVDs com todos os trabalhos realizados pelo núcleo, além de produções anteriores e criações recentes. Trata-se de material importante, que deveria ser disponibilizado pela internet. O criador do Mumia conta que aos poucos isso já vem ocorrendo. Alguns trabalhos podem ser conferidos no endereço http//vimeo.com/caadufmg.

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