Último romance de Bartolomeu Campos de Queirós ganha adaptação para o teatro

'Vermelho amargo' estreia sexta-feira, no Rio de Janeiro

por Carolina Braga 03/07/2013 06:00

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Ana Clara Carvalho/Divulgação
Os atores Davi de Carvalho e Daniel Carvalho Faria no espetáculo dirigido por Diogo Liberano (foto: Ana Clara Carvalho/Divulgação)
A obra do escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós continua seduzindo criadores das artes cênicas. Depois de 'Por parte de pai' ganhar duas montagens independentes em Belo Horizonte, a recém- criada Companhia Aberta, do Rio de Janeiro, estreia sexta-feira, no Rio de Janeiro, a versão teatral de 'Vermelho amargo', o último romance publicado pelo escritor mineiro, falecido em janeiro do ano passado. A temporada vai até o dia 28, no Espaço Sesc, em Copacabana, Rio de Janeiro.

A ideia de levar 'Vermelho amargo' para o palco foi dos atores Davi de Carvalho e Daniel Carvalho Faria. Ao representar um romance nacional, a ideia era encontrar outro tipo de narrativa para a cena. Isso foi no primeiro semestre de 2011, mesma época em que o livro foi lançado. Com direção de Diogo Liberano, cujo trabalho foi revelado em 'Sinfonia sonho' (2011), a peça destaca a poesia presente na escrita de Bartô.

“A nossa interpretação do romance destaca a trajetória de uma pessoa que enfrenta a morte muito cedo e passa a vida se descobrindo a partir desse fato”, resume Diogo, também responsável pela dramaturgia do espetáculo, junto com Dominique Arantes. Como ele frisa, não se trata de uma adaptação. “Priorizamos o romance mesmo. Usamos os parágrafos, selecionamos as tramas mais importantes e reordenamos em busca de um fio dramático para a cena”, explica.

'Vermelho amargo' foi o primeiro livro de Bartolomeu destinado ao público adulto. De cunho autobiográfico, a obra narra as memórias de um homem a partir da morte da mãe. Na encenação, Davi e Daniel se revezam na interpretação do protagonista. “Não há uma preocupação sobre quem é quem. Tudo fica muito aberto. Nosso interesse era que a peça se contaminasse da poesia de Bartô. Ela possibilita muitos sentidos, não visa dar entendimentos”, comenta Liberano.

O diretor reconhece que o desafio foi reproduzir em cena a sensação que Bartolomeu consegue despertar em seus leitores. Para isso, se apoia em recursos próprios do teatro, como o cenário, o figurino, a iluminação e a trilha sonora. “Esses elementos precisavam ter um papel ativo na construção da cena. Se não queria fechar o sentido do romance e deixar a leitura aberta para o público, me pareceu que deveria priorizar a multiplicidade de olhares”, revela.

LEITURAS
Nesse processo, a partir da leitura do livro Liberano se fechou na sala de ensaio com os atores, enquanto Bia Junqueira desenvolvia suas propostas para o cenário, Daniela Sanchez para a luz, Júlia Marini para os figurinos e Felipe Storino a trilha sonora. “A encenação está nascendo do encontro desses olhares”, conta. Há cerca de um mês, todos se reuniram para fazer a colagem de sentidos despertados por 'Vermelho amargo'.

Quem também participa de maneira especial da montagem é a atriz Vera Holtz. Amiga do escritor, ela foi procurada por Liberano pela relação que costuma estabelecer em suas criações entre as artes plásticas e o teatro. O encontro tem ido além disso. “É um lugar de troca e negociação constantes. A presença dela nos amadurece. Não está ali para fazer uma supervisão. Está olhando a forma como estamos apostando no projeto e lançando o olhar dela sobre como estamos pensando”, diz.

Depois da temporada de estreia no Espaço Sesc, o espetáculo permanece em cartaz até 31 de agosto no Teatro Eva Herz, também no Rio. Segundo Diogo Liberano, apresentações em Belo Horizonte estão sendo negociadas.


LEITURAS DRAMÁTICAS


Durante a temporada de 'Vermelho amargo' no Rio de Janeiro, serão realizadas leituras de outras obras de Bartolomeu Campos de Queirós. Sob orientação da atriz, diretora e professora Adriana Schneider, alunos de graduação em direção teatral da Universidade Federal do Rio de Janeiro assinam a direção das leituras de 'Indez' (dia 16), 'Ler, escrever e fazer conta de cabeça' (dia 17), 'Por parte de pai' (dia 18), 'Para ler em silêncio' (dia 24) e 'O olho de vidro do meu avô' (dia 31).

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