De sexta-feira a domingo, o grupo Domo, de Brasília, apresenta o espetáculo 'Manhã' em BH

Espetáculo que será encenado no palco do Galpão Cine Horto concentra-se a relação entre dois homens

por Carolina Braga 21/06/2013 06:00

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Milla Russi/Divulgação
Em cena, os personagens centrais e os kokens, figuras da tradição oriental (foto: Milla Russi/Divulgação)
Poderia ser um homem com uma mulher ou duas mulheres. Mas não. 'Manhã', montagem que o grupo Domo de Brasília traz ao palco do Galpão Cine Horto concentra-se a relação entre dois homens. E, como frisa o diretor e ator André Garcia, é importante que seja assim. “O que é amor, o que é ciúme são elementos comuns a qualquer tipo de casal”, ressalta. Ou seja, o que veremos em cena não é abordagem panfletária de uma causa específica. “São dificuldades de relacionamento, não de gênero”, continua André.


Foi ele quem escreveu o texto do espetáculo contemplado com o prêmio Myriam Muniz 2012 para circular o Brasil. Manhã começou a ser elaborado há 13 anos, durante temporada que o diretor passou em Londres. Não chegou a ser realizado na época porque surgiram outros projetos considerados mais urgentes naquele momento. No ano passado, André Garcia percebeu ter chegado a hora de abordar as questões levantadas no estrangeiro.

Além dele, estão em cena João Gabriel Ferreira, Leudo Lima e Guilherme Victor. A trama de 'Manhã' gira em torno de um casal, mais especificamente da crise existencial pela qual um deles atravessa e recebe o ultimato do companheiro para resolvê-la. Apesar de, aparentemente, uma discussão esquentar a cena, Garcia faz questão de frisar: é uma peça sobre o amor, mas em uma instância mais profunda dessa força.

Na cenografia, o diretor optou pelo neutro: apenas um piso branco e uma tela ao fundo, onde são projetadas imagens. Naquele espaço “indefinido”, os atores lembram momentos da vida a dois e deixam escapar a tensão entre os mundos interior e exterior. André Garcia diz ser partidário dos ensinamentos do mestre Jerzy Grotwski. “Se tirar figurino, cenário, ainda assim o essencial tem que ser mantido. O ator tem que dar conta de criar o universo teatral sem muletas. Queria que o espetáculo estivesse centrado na interpretação dos atores. Uma ligação com o público através do humano”, diz.

Ao casal protagonista se juntam dois atores que assumem um posto diferente na nossa tradição teatral. Eles são kokens, inspiração das artes cênicas orientais. Por lá, são criaturas vestidas de negro que entram em cena para auxiliar em trocas de roupa ou cenário. “Resolvemos fazer uma releitura dessa figura do koken, atribuindo-lhe outras funções”, conta André. No caso, outros dois intérpretes permanecem em cena, vestidos de branco.

MANHÃ
Espetáculo com o Grupo Domo de Teatro (DF), sexta-feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h. Galpão Cine Horto, Rua Pitangui, 3613, Horto, (31) 3481-5580. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

SAIBA MAIS
Grupo domo

 

Fundado em Brasília, em 1994, o Grupo Domo se dedica ao teatro de pesquisa. Em geral, os criadores se dedicam a questões ligadas à vida do homem, à busca do autoconhecimento. 'Manhã' é o sexto espetáculo da companhia, que também costuma se exercitar em gêneros. A primeira montagem foi 'O grito' (1995), sobre os exageros nos tratos com a fé. Em 'O grande dormitório' (1997), a proposta era refletir sobre a infinitude do ser. Já a comédia 'As lavadeiras' (1999) foi fruto de pesquisa no interior do Brasil e tratava da vida de duas lavadeiras. Na sequência, a vida e a obra do escritor Augusto dos Anjos foi abordada em 'Dos Anjos e de todos nós' (2005). 'O julgamento' (2008) tratou das mazelas do homem contemporâneo frente às estruturas complexas da sociedade e de ideias que os próprios homens constróem.

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