Montagem de 'Rain man' trata de tema delicado nas relações, a existência ou não de afeto

Espetáculo entra em cartaz neste fim de semana no Grande Teatro do Palácio das Artes

por Carolina Braga 21/06/2013 06:00

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Priscila Prade/Divulgação
(foto: Priscila Prade/Divulgação)
Já não é de hoje que chamar José Wilker somente de ator ficou ultrapassado. Também não foi da noite para o dia que ele resolveu experimentar outras vertentes nos campos das artes. A diferença é que isso tem se intensificado. Principalmente quando o posto em questão é o de diretor. Se ele puder juntar duas paixões, o cinema e o teatro, melhor ainda. É esse o caso de 'Rain man'.


O espetáculo, que chega este fim de semana ao Grande Teatro do Palácio das Artes, é adaptação do britânico Dam Gordom para um dos filmes ícones dos anos 1980. Aquele em que Tom Cruise e Dustin Hoffman interpretam dois irmãos, um deles com autismo. Lembra? Na verdade, essa trama saiu de um livro de Barry Morrow e só em 2008 ganhou os palcos. Assim como o longa, tem se tornado sucesso mundial no teatro. 'Rain man', a peça, estreou em Londres em 2008 e já foi montada em nove países, entre eles a Austrália e Israel.


“Acho que isso é por se tratar de um espetáculo muito humano. Não só sobre o tema do autismo, mas sobre o afeto e a falta de. E a dramaturgia é muito boa. Bem escrita , com diálogos precisos”, derrete-se Marcelo Serrado, intérprete de Raymond. “A gente montou a peça toda com foco nas relações de afeto”, completa Rafael.

O enredo é o mesmo do cinema. Ao descobrir que o pai deixou toda a herança para o irmão mais velho, Charlie (Rafael Infante) tenta se aproximar do rapaz internado em um centro de recuperação. Quando verdadeiramente conhece o irmão, enxerga na inteligência dele a solução para os próprios negócios. Completam o elenco da peça a atriz Fernanda Paes Leme, na pele da namorada de Charlie e também Roberto Lobo, Jaime Leibovitch e Sara Freitas.

“Tentei usar o máximo de técnica de cinema para a encenação”, contou José Wilker sobre nova experiência. No espetáculo anterior dirigido por ele, 'Palácio do fim', com Vera Holtz, também foi assim. Seja a iluminação, ou a movimentação dos atores em cena se parecem muito com os cortes cinematográficos. Isso porque, para Wilker, independentemente se no cinema ou no teatro, o diretor deve manter o foco principal nos atores. “Ele acredita no ator como forma pura de expressão”, destaca Marcelo Serrado.

Vindo de experiências em comédia nos palcos, tipo o nem tão interessante monólogo 'Não existe mulher feia', para compor Raymond, Serrado buscou referências na própria vida. Ao que parece, o processo de criação foi pautado na pesquisa. Assim como o personagem, o irmão de Marcelo é autista. “Parti de experiências pessoais e de uma profunda de busca em cima do que sente um autista. Se ele pensa, e pensa, no que ele pensa. Conversamos com vários deles”, revela.

Pegada Integrante da equipe de um dos canais de humor mais badalados da internet brasileira, o Porta dos fundos, Rafael Infante viu em 'Rain man' a oportunidade de se realizar como ator. Afinal de contas, é a chance de mostrar uma composição bem mais complexa em cena. “Sabia de cara que era um texto muito bom, com pessoas incríveis. Foi uma consagração e me levou a insistir na carreira, porque é um caminho difícil, de altos e baixos”, afirma.

Ciente da força que o filme tem, logo que começou os ensaios José Wilker pediu que os atores se distanciassem do longa. As criações de Tom e Dustin não poderiam ser mais do que referências longínquas, especialmente para Rafael e Marcelo. A medida, segundo Rafael Infante, foi importante para que o elenco buscasse personalidade para os personagens.

“Acho que assim como todas as montagens que estão mundo afora, a nossa é fiel à peça. Simples, mas com uma pegada emocional forte”, analisa Serrado. “O pessoal está dizendo por aí que a peça é boa se você quiser se emocionar. Você vai rir e também refletir sobre a vida”, continua Rafael. Para Marcelo Serrado, isso se deve ao fato de 'Rain man' falar, essencialmente, sobre relações humanas profundas. O ator lança a pergunta: “Quem é o verdadeiro autista, Rai ou os outros?”

'RAIN MAN'
Sábado, às 21h; domingo, às 19h. Grande Teatro do Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3889-2003. Ingressos: Plateia 1, R$ 100 (inteira)  e R$ 50 (meia); plateia 2, R$ 80 (inteira)  e R$ 40 (meia) e balcão, R$ 60 (inteira)  e R$ 30 (meia).

SAIBA MAIS

O FILME 'RAIN MAN
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O filme 'Rain man' arrecadou nas bilheterias de todo o planeta a quantia de US$ 412,8 milhões. O longa dirigido por Barry Levinson recebeu oito indicações ao Oscar de 1989. Faturou nas categorias de filme, direção, roteiro original e ator para Dustin Hoffman. A história de Raymond foi inspirada na vida de Kim Peek, americano portador da síndrome de Savant, dotado de excepcional memória fotográfica.

Papo com o público

Domingo, depois da peça, os atores Marcelo Serrado, Fernanda Paes Leme, Rafael Infante, Roberto Lobo e Sara Freitas vão participar da série Encontros Vivo EnCena. Eles vão bater um papo com a plateia presente no Grande Teatro do Palácio das Artes sobre “Teatro e transformação.” Também foi convidada a assistente social e terapeuta de famílias Andrea Moreira Maciel. O debate está previsto para começar às 20h30. Entrada franca para o público da sessão do espetáculo no dia 23.

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