Artista plástica Andrea Lanna apresenta desenhos inéditos na Galeria de Arte da Cemig

Obras são feitas a partir da caligrafia, com o uso de várias técnicas

por Sérgio Rodrigo Reis 18/06/2013 06:00

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Andrea Lanna/Reprodução
Em seus desenhos, Andrea Lanna coloca em prática a pesquisa permanente sobre o sentido da arte (foto: Andrea Lanna/Reprodução)
A artista plástica Andrea Lanna começou, em 2005, uma série de trabalhos, alguns menores, para tentar entender o que ocorria em seu processo criativo. Em seguida, foi convidada a participar de uma coletiva numa galeria carioca. O espaço encerrou as atividade e os desenhos retornaram para Belo Horizonte. À medida que os amigos foram vendo o resultado, a estimularam a expô-los. “São trabalhos silenciosos. Precisavam de espaços mais intimistas.”


Há 31 anos, passou por experiência semelhante quando fez a primeira individual na galeria do Grupo Corpo. De alguma forma, a oportunidade de mostrar o resultado dos novos trabalhos, a partir desta terça-feira, na Galeria de Arte do Espaço Cultural da Cemig, estabelece conexões com aquele início. “Reinaugura um ciclo que tem a ver com o silêncio que o estudo provoca.”

A proposta surgiu do contexto multidisciplinar da atual fase de Andrea Lanna. Recentemente, teve que estudar diversos textos para realizar prova de doutorado na Escola de Belas Artes da UFMG. Nesse processo os desenhos foram aparecendo. “O artista hoje não precisa ficar dividido, as coisas se sobrepõem. Tem que atuar em muitas instâncias. Tem trabalho prático no ateliê, as atividades como professor, a participação em editais e a elaboração de textos. O aprimoramento que a pesquisa dá a você é interessante. São áreas que são pertinentes à questão da arte. Uma atividade não exclui a outra, assim os desenhos foram me mostrando”, explica. Uma forma que encontrou de conciliar todas as questões foi usar a caligrafia como elemento gráfico na construção dos desenhos. “Para mim, a escrita é gráfica”, sintetiza.

A exposição materializa a pesquisa em obras inéditas, inspiradas em imagens clássicas do barroco mineiro, um conjunto de sete desenhos de 100cm x 70cm, elaborados com grafites, lápis de cor, esferográfica e sanguínea sobre papel canson. Em vez da linha, como elemento que dá forma para as ideias, lançou mão da letra como a forma final, como textura neutra em relação ao conteúdo, que, ordenadas, deram forma às figuras.

A intenção com as imagens é abrir acesso a outros campos da percepção. “O diálogo estabelecido entre imagem e palavra reata antigos vínculos existentes entre traço do desenho e traço da escrita, revela que a escrita tem uma função visual, nesse lugar limítrofe, margem que as artes visuais e a escrita confluem”, informa.

Andrea Lanna/Reprodução
(foto: Andrea Lanna/Reprodução)
PARA PENSAR
Andrea Lanna percebe a pintura, as instalações, a gravura, os clichês tipográficos, assim como os desenhos, como modos de pensar. Para ela, cada técnica torna-se portadora de suas próprias significações, com especificidades que direcionam os resultados, reafirmam a sua estrutura, instauram exigências autônomas.

Como sua proposta desta vez é lançar mão de desenhos, partiu da construção de corpos formados pela união de escritas de texturas diversas. “A letra e a figura apagam as oposições de nomear e mostrar, figurar e dizer, reproduzir e articular, imitar e significar.” Segundo ela, os trabalhos foram construídos por conceitos operatórios originados a partir das mais diversas vivências, na pesquisa do ateliê e na Escola de Belas Artes da UFMG.

DESENHO
Exposição da artista plástica Andrea Lanna. Abertura terça-feira, às 20h, na Galeria de Arte do Espaço Cultural da Cemig (Av. Barbacena 1.200, térreo, Santo Agostinho). Até dia 5 de julho, das 8h às 19h.

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