Em todos os recados que o Grupo Galpão mandou para o público pelas redes sociais durante o primeiro fim de semana de 'Os gigantes da montanha' havia a dica: por se tratar de apresentação em local público, o melhor era chegar cedo para garantir lugar. A recomendação é mais do que apropriada para a nova peça e continua válida para as sessões no Parque Ecológico da Pampulha, neste sábado e domingo.
Em cena há uma escolha clara por aquilo que tange à visualidade. Do cenário ao figurino, passando pelos adereços é tudo muito bonito. É a comunhão da forte personalidade do diretor – com escrita cênica bastante reconhecida – ao mesmo tempo em que tem a cara do Galpão. A trilha sonora composta por típicas canções italianas segue o mesmo caminho: aquilo que já conhecemos dessa parceria e que deu muito certo.
A principal questão é mesmo a dificuldade do texto. 'Os gigantes da montanha' conta a história de uma companhia de teatro fracassada que chega a uma vila habitada por fantasmas. Poesia e sonho parecem ser alimentos para os moradores do lugarejo, liderado pelo mago Cotrone (Eduardo Moreira). Embora exista uma metaliguagem sobre o fazer teatral, o texto também fala indiretamente a cada um dos espectadores. É como se perguntasse: o quanto você tem se permitido sonhar?
A capacidade (e a vontade) de cada um se entregar à poesia vai determinar o entendimento da peça. 'Os gigantes da montanha' não é linear e muito menos convencional. Ainda que sempre haja um narrador disponível para traduzir tanta poesia, existem lacunas que parecem ter sido deixadas de propósito. Há um desejo de ser popular, mas não necessariamente didático o que, em alguns momentos, pode comprometer a compreensão da história.
O diferencial do Galpão é o conjunto. Desta vez, não é diferente, ainda que valha ressaltar talentos individuais. Gabriel Villela orquestra o elenco de acordo com o que cada um pode oferecer. Convidados para essa montagem, Regina Souza – com interessante performance musical como Madalena – e Luiz Rocha estão bem integrados ao grupo. Do Galpão, Inês Peixoto, como a Condessa Ilse, volta a chamar atenção pelo o habitual talento para a comédia, ainda que a personagem seja bastante trágica. Julio Maciel é outro que merece menção ao oferecer graça especialmente na onírica cena ao som de 'Cia amore ciao'.
'Os gigantes da montanha' é considerada uma obra aberta de Pirandello. Quando morreu, vítima de peneumonia em 1936, o autor italiano havia terminado apenas os dois primeiros atos do espetáculo. O terceiro foi narrado ao filho, já no leito de morte. Na montagem do Galpão é louvável o respeito ao aspecto inacabado do texto. Já reconhecido pelo talento como encenador, Gabriel Villela surpreende mais uma vez nos momentos finais desse reencontro com o Galpão.
Os gigantes da montanha
De Luigi Pirandello. Direção de Gabriel Villela. Com Grupo Galpão. Parque Ecológico da Pampulha. Sábado e domingo, às 18h.
Entrada franca. Informações www.grupogalpao.com.br.
O aviso não se deve apenas ao fato de se tratar de teatro de rua, o que naturalmente torna mais difícil o entendimento das falas por todos os presentes. Nesse quesito os atores do Galpão estão mais do que descolados. Mas também porque o texto do italiano Luigi Pirandello requer atenção especial, sem falar nas doses extras de fantasia que desperta no espectador. Assim, ver e ouvir de perto faz total diferença.
Em cena há uma escolha clara por aquilo que tange à visualidade. Do cenário ao figurino, passando pelos adereços é tudo muito bonito. É a comunhão da forte personalidade do diretor – com escrita cênica bastante reconhecida – ao mesmo tempo em que tem a cara do Galpão. A trilha sonora composta por típicas canções italianas segue o mesmo caminho: aquilo que já conhecemos dessa parceria e que deu muito certo.
A principal questão é mesmo a dificuldade do texto. 'Os gigantes da montanha' conta a história de uma companhia de teatro fracassada que chega a uma vila habitada por fantasmas. Poesia e sonho parecem ser alimentos para os moradores do lugarejo, liderado pelo mago Cotrone (Eduardo Moreira). Embora exista uma metaliguagem sobre o fazer teatral, o texto também fala indiretamente a cada um dos espectadores. É como se perguntasse: o quanto você tem se permitido sonhar?
A capacidade (e a vontade) de cada um se entregar à poesia vai determinar o entendimento da peça. 'Os gigantes da montanha' não é linear e muito menos convencional. Ainda que sempre haja um narrador disponível para traduzir tanta poesia, existem lacunas que parecem ter sido deixadas de propósito. Há um desejo de ser popular, mas não necessariamente didático o que, em alguns momentos, pode comprometer a compreensão da história.
O diferencial do Galpão é o conjunto. Desta vez, não é diferente, ainda que valha ressaltar talentos individuais. Gabriel Villela orquestra o elenco de acordo com o que cada um pode oferecer. Convidados para essa montagem, Regina Souza – com interessante performance musical como Madalena – e Luiz Rocha estão bem integrados ao grupo. Do Galpão, Inês Peixoto, como a Condessa Ilse, volta a chamar atenção pelo o habitual talento para a comédia, ainda que a personagem seja bastante trágica. Julio Maciel é outro que merece menção ao oferecer graça especialmente na onírica cena ao som de 'Cia amore ciao'.
'Os gigantes da montanha' é considerada uma obra aberta de Pirandello. Quando morreu, vítima de peneumonia em 1936, o autor italiano havia terminado apenas os dois primeiros atos do espetáculo. O terceiro foi narrado ao filho, já no leito de morte. Na montagem do Galpão é louvável o respeito ao aspecto inacabado do texto. Já reconhecido pelo talento como encenador, Gabriel Villela surpreende mais uma vez nos momentos finais desse reencontro com o Galpão.
Os gigantes da montanha
De Luigi Pirandello. Direção de Gabriel Villela. Com Grupo Galpão. Parque Ecológico da Pampulha. Sábado e domingo, às 18h.
Entrada franca. Informações www.grupogalpao.com.br.