Em plena Praça da Estação nasce um espaço especializado em artes visuais: a biblioteca do Espaço 104. Com acervo de 1,5 mil volumes, ela foi aberta na manhã deste sábado. A curadora Inez Rabelo explica que a proposta é oferecer material para consulta. Os livros não poderão ser levados para casa. "O 104 é um espaço de convivência e debate, queremos estimular a troca de ideias e a presença das pessoas aqui", justifica.
Os livros de artista ganharão destaque no 104. Um dos trabalhos expostos é A01 [cod.19.1.1.43] – A27 [s|cod.23], da mineira Rosângela Rennó. Traz imagens de caixas vazias, capas e álbuns que sobraram do furto de fotos de Augusto Malta (1864 –1957) no Arquivo Geral do Rio de Janeiro. Em 2009, ela havia abordado o roubo de 800 fotos da coleção de dom Pedro II pertencente à Biblioteca Nacional.
"Falo da amnésia produzida pela perda do patrimônio", explica Rosângela Rennó. E alerta: trata-se de perda talvez irreparável, pois quando se divulgam imagens de peças roubadas, os criminosos costumam queimá-las. Essas obras surgiram da observação de uma série de furtos ocorridos entre 2004 e 2007, atribuídos a uma gangue especializada no mercado de arte. "Quis fazer um livro sobre furtos tão importante quanto o livro de fotos. Se não cuidarmos de nosso patrimônio cultural ele vai desaparecer", adverte a artista.
BIBLIOTECA DE ARTES VISUAIS DO ESPAÇO 104
Abertura hoje, às 10h. Praça da Estação, 104, Centro, (31) 3222-6457. Entrada franca. Bate-papo sobre livros de artista com Raquel Versieux, Vicente Pessoa e Júlio Martins.