“Sim”, responde a atriz e diretora Nara Keiserman, da Cia. Pop de Teatro Clássico. NEsta sexta e sábado, ela subirá ao palco do Espaço Aberto Pierrot Lunar para apresentar espetáculo exatamente sobre esse tema. 'No se puede vivir sin amor' reúne textos líricos do escritor Caio Fernando Abreu (1948 –1996), pontuando os diversos aspectos da experiência afetiva com movimentos discretos e fortes. A pesquisa de Nara buscou a interação entre o corpo e a palavra.
“A escrita do Caio se projeta no espaço e sobrevive, com louvor, fora do papel. Os textos dele me acompanham desde que o conheci, são a base de muitas das minhas criações”, explica a atriz. Nara chama a atenção para o humor e a ironia dos livros do escritor – marcas do temperamento dele.
“Uma amiga virou para o Caio e disse: ‘Dê um motivo para não me matar agora’. E ele respondeu: ‘Tomar chimarão’. E foi para a cozinha fazer chá para ela”, relembra Nara.
Criada no Rio de Janeiro em 1999, a Cia. Pop de Teatro Clássico já encenou montagens a partir dos escritos de Voltaire, Heiner Müller e Nelson Rodrigues.
NO SE PUEDE VIVIR SIN AMOR
Espaço Aberto Pierrot Lunar, Rua Ipiranga, 137, Floresta, (31) 2515-0440. Sexta e sábado, às 21h. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Classificação: 16 anos.
A voz dos anos 80
Nascido em Santiago (RS), Caio Fernando Abreu abandonou o curso de letras e artes dramáticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul para se dedicar ao jornalismo. Em 1968, já morava em São Paulo. Perseguido pela ditadura militar, refugiou-se na chácara da escritora Hilda Hilst (1930 – 2004), em Campinas. Depois, viajou para a Europa, “mochilou”, morou em comunidade e lavou pratos na Suécia. Seus contos, crônicas, romances e peças o transformaram em um dos mais importantes autores brasileiros dos anos 1980. Lançou os livros 'Morangos mofados', 'Os dragões não conhecem o paraíso' e 'Onde andará Dulce Veiga', entre outros. Em setembro de 1994, corajosamente, revelou ser portador do vírus HIV em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo. Em 25 de fevereiro de 1996, Caio morreu em Porto Alegre, vítima de Aids.