Cortejo cênico espalha música e imagens pelas ruas de Belo Horizonte

'Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver' mescla teatro, circo, dança e audiovisual para falar dos dilemas contemporâneos

por Carolina Braga 17/05/2013 08:00

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Netun Lima/Divulgação
(foto: Netun Lima/Divulgação)
Um espetáculo de rua que aliasse tecnologia e reflexões sobre o homem moderno. Foi essa a meta do diretor Carlos Canela e de seus companheiros da Carabina Cultural ao planejar 'Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver'. Detalhe: a montagem teria de ser um grandioso cortejo cênico. Afinal, se multidões já acompanharam artistas estrangeiros pelas ruas de BH, vide o histórico de aberturas do Festival Internacional de Teatro (FIT), por que não a prata da casa?


'Subo para esquecer...' chega para preencher essa lacuna na cena mineira. Sábado e domingo, às 19h30, os artistas se concentrarão na Avenida Afonso Pena para seguir em cortejo, a partir das 20h, até a Praça da Estação. Na semana que vem, o trajeto começa Rua Mármore com destino à Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza.


Com oito artistas em cena, o espetáculo mistura técnicas performáticas às linguagens do circo, da dança e, principalmente, do cinema. “Juntamos as coisas para falar sobre a opressão, a falta de liberdade do ser humano”, explica o diretor Carlos Canela. A ideia era criar algo épico em torno do tema. Assim, 'Subo para esquecer...' pode ser dividido em fases. “É a evolução histórica do ser humano paralelamente à involução no grau de liberdade dos sujeitos”, diz Canela.


Experiente no universo audiovisual, uma das metas do diretor era promover o diálogo constante entre o momento presente do teatro e o tempo congelado do cinema. Assim, ele mesmo tratou de inventar um suporte que permitisse aos atores manipular as projeções que costuram a dramaturgia da peça.


Ao longo de 75 minutos, os intérpretes direcionam as imagens seja para telas criadas na própria encenação, seja para superfícies da cidade. A trupe é acompanhada por um caminhão, cuja capota se converte em tela, de onde ecoa a trilha sonora original, assinada por Sérgio Pererê. As músicas foram compostas ao longo da elaboração da peça. “A linguagem é a mesma, mas com a cara dele. Tem um ambiente mais religioso, um momento da guerra e outro meio experimental, com hip-hop. Ficou muito bonito”, comenta Canela.


No momento em que se discutem as diversas formas de apropriação do espaço urbano, 'Subo para esquecer...' é mais uma alternativa. Carlos Canela pretende incentivar a relação do público com a montagem. “Em todos os momentos há interação muito grande com a plateia. Os atores vão se infiltrando, fazendo as propostas, seduzindo o público para participar. Mas é uma caixinha de surpresas”, promete.

Memória
Frederico Haikal/EM/D.A Press - 19/8/97
(foto: Frederico Haikal/EM/D.A Press - 19/8/97)
Gènérik Vapeur marcou época

A histórica passagem do grupo francês Gènérik Vapeur (foto) pelo FIT-BH com o espetáculo 'Bivouac' é uma das inspirações da equipe que criou Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver. Com os corpos pintados de azul, os atores avançaram pela Avenida Afonso Pena rodando barris, acompanhados de trio elétrico e de um cachorro metálico em chamas. A multidão seguiu essa performance por duas vezes: em 1994 e na edição especial do centenário da capital, em 1997.

SUBO PARA ESQUECER O QUE DE BAIXO JÁ NÃO CONSIGO VER
Sábado e domingo, às 20h. Cortejo da Avenida Afonso Pena (esquina com Rua da Bahia) até a Praça da Estação, Centro. Dias 25 e 26, às 20h, da Rua Mármore até a Praça Duque de Caxias, Bairro Santa Tereza. Entrada franca.

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