Adaptação de texto de Yasmina Reza, 'Arte' provoca reflexões sobre a amizade entre homens

Vladimir Brichta e Marcelo Flores discutem a relação no espetáculo em cartaz de hoje a domingo no Sesiminas

por Carolina Braga 17/05/2013 08:00

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André Wanderley/Divulgação
Vladimir Brichta e Marcelo Flores discutem a relação em 'Arte', em cartaz de hoje a domingo no Sesiminas (foto: André Wanderley/Divulgação)
Embora o nome carregue uma referência explícita, 'Arte', o espetáculo que Vladimir Brichta, Cláudio Gabriel e Marcelo Flores trazem ao palco do Teatro Sesiminas este fim de semana, não fala diretamente sobre esse universo. A peça, com texto da incensada francesa Yasmina Reza, parte do sempre controverso conceito do que é ou não arte para refletir sobre o homem comum, mais precisamente sobre a amizade masculina.

Reconhecida por peças como 'Deus da carnificina', a dramaturgia de Yasmina sempre é marcada pela dualidade entre humor e drama. O que ela escreve é o típico morde e assopra. Ao mesmo tempo em que faz rir, provoca reflexões. Foi exatamente isso que encantou Vladimir Brichta e motivou a remontagem de Arte, feita pela primeira vez no Brasil em 1998 por Pedro Paulo Rangel.

Agora sob direção de Emilio de Mello – que já dirigiu outros dois textos de Reza –, Vladimir, Cláudio e Marcelo são três amigos de longa data que se encontram depois que um deles anuncia a compra de um controverso quadro. Por uma tela pintada de branco, ele pagou R$ 200 mil. Como o “investimento” provoca a ira de um dos amigos, a amizade entra em xeque.

“Não nos permitimos explorar toda a comicidade que o texto propõe sem nos furtarmos de dar caráter dramático à situação”, comenta Brichta. Segundo ele, mesmo que a comédia seja forte no espetáculo, o riso é entendido como um meio para se chegar ao objetivo proposto. “Definitivamente, não queremos causar o riso. Ele vem para facilitar a identificação com aqueles personagens”, explica.

Além disso, para Vladimir Brichta, no caso das amizades masculinas, o humor frequentemente é um sinal de intimidade e afeto. “A autora pontua o humor no texto não só com tiradas divertidas, sarcásticas, mas os personagens repetem à exaustão como é um termômetro para amizade deles”, detalha.

A encenação proposta por Emilio de Mello, de certa forma, espelha uma das reflexões implícitas no texto. Se a discussão gira em torno de um quadro pintado de branco, no cenário de Aurora Campos os atores também estão cercados por painéis, nas mesmas proporções da obra em questão. “Repetimos a ideia do texto de que uma tela branca é onde vai ser projetada uma história”, detalha. Os próprios atores manipulam a iluminação criada por Tomás Ribas.

ARTE
Espetáculo com Vladimir Brichta, Marcelo Flores e Claudio Gabriel, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Teatro Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, (31) 3241-7181. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia).

Acaso
Coincidências marcam os bastidores da montagem de 'Arte'. De férias na Argentina, Vladimir e a mulher, Adriana Esteves, foram ao teatro ver o ator ícone do país, Ricardo Darín. Encantada com o que acabara de assistir, a atriz sugeriu que o marido levasse aquela história aos palcos brasileiros. De volta ao Rio, curiosamente, o ator recebeu a ligação do amigo e também ator Marcelo Flores com a mesma proposta. Assim nasceu a primeira produção da carreira de Brichta. O convite feito a Emilio de Mello foi tanto pela familiaridade que ele tem com os textos de Yasmina Reza quanto pela fama de pulso firme como diretor.

“Fui ver 'Deus da carnificina', que ele dirigiu, e gostei da condução. Paulo Betti comentou alguma coisa sobre o rigor na direção e achei que, de alguma forma, seria um contraponto muito bom para a intimidade que temos no elenco”, conta. Trabalho pronto, Vladimir não reclama do resultado.

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