Companhia Mário Nascimento completa 15 anos e estreia espetáculo 'Nômade' no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna

Improviso é a marca do trabalho do grupo, sediado em BH

por Carolina Braga 03/04/2013 08:48

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Leo Drumond/Nitro/Divulgação
Coreógrafo parte da gramática de movimentos da companhia para propor momentos de criação livre (foto: Leo Drumond/Nitro/Divulgação)
Lá se vão 15 anos desde que Mário Nascimento deu os primeiros passos na companhia que leva seu nome. Se o nomandismo é algo que marca o grupo, criado em São Paulo e radicado em Belo Horizonte, o novo espetáculo é um mergulho vertical no conceito. O espetáculo fala essencialmente sobre mudanças. Ou melhor, provoca. “É preciso ter uma viagem interna para ter crescimento. É isso que proponho em 'Nômade', uma viagem enriquecedora para sair do lugar fechado que a sociedade nos impõe”, diz o coreógrafo.

Com Rosa Antuña, Alicia-Lynn Castro, Eliatrice Gischewski, Fábio Costa, Gustavo Silvestre, Léo Garcia, Marcela Gozzi e o próprio Mário Nascimento, o trabalho com estreia marcada para amanhã, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, procura estimular autores e espectadores a sair da zona de conforto. As tradicionais pernas arqueadas, as dobraduras e as grandes expansões do corpo continuam presentes nos movimentos da companhia, porém também sobram provocações e desafios propostos pelo diretor para alternar rotas conhecidas no palco.

Na tentativa de variar a própria linguagem, Nascimento convida os bailarinos a experimentar novos posicionamentos na cena. “Estabeleci um jogo estimulante. O bailarino está acostumado a demarcar um território. Então disse: ‘não demarque mais. Tenha possibilidade de mudar, de ser nômade dentro de você’. Acho que, de certo modo, é a maturidade do grupo”, acredita o diretor.

O improviso é palavra de ordem na coreografia, que tem música de Fábio Cardia. Como o lance é explorar os limites da criação, 'Nômade' tende a ser o trabalho mais livre de Mário Nascimento. O exercício de desapego dá origem a uma obra que ninguém sabe ao certo como vai se desenvolver. Para se ter ideia, cada artista tem à sua disposição pelo menos três figurinos. A escolha vai depender da vontade de cada um. “O improviso acontece e ninguém sabe onde ele está”, explica o coreógrafo.

Risco e frescor

“A qualidade do movimento pode mudar a proposta, o caminho que você define. É a hora que mais gosto, porque me sinto viva fazendo isso. Não tem como estar em uma dança mecanizada. O improviso faz com que a gente mantenha o frescor. Nunca estaremos seguros. Não adianta ter ensaiado horrores. Precisamos estar conectados uns aos outros”, completa a bailarina Rosa Antuña.

A trilha sonora também caminha no mesmo sentido. Mistura elementos espanhóis, aborígenes, MPB e até os bailarinos se tornam instrumentistas – e cantores – no decorrer do espetáculo. Para Mário Nascimento, falar em nomandismo não é só tratar de mudanças de espaços, de fronteiras, mas também pensar sobre o desapego, as transformações e as evoluções às quais estamos sujeitos.

“O princípio do nomadismo é não ter apego. Esquecer que alguma coisa em arte seja sua. Você oferece ao outro. Talvez tenha apego a linguagem do grupo, pois é o que nos fortalece. Mas ela precisa continuar em processo de aperfeiçoamento. Não se apegue, porque senão ficará no mesmo lugar”, avisa.

NÔMADE
Teatro Oi Futuro Klauss Vianna. Avenida Afonso Pena, 4001, Mangabeiras, (31) 3229-3131. De amanhã a sábado, 21h.
Domingo, 19h. R$ 15 (inteira)e R$ 7,50 (meia).

Saiba mais
CIA MÁRIO NASCIMENTO


Criada em São Paulo em 1998, a Cia Mário Nascimento é responsável por 10 montagens em dança. Logo na estreia, 'Escapada' deu ao coreógrafo o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Em 2002, o grupo transferiu-se para Belo Horizonte, onde desenvolve sua trajetória fundada na pesquisa de linguagem sustentada pelas conexões entre música e dança.

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