A família e a realidade do país estão no centro da trama 'Os ancestrais'

Com montagem do Grupo Teatro Invertido, a peça tem apresentações neste final de semana, no Esquyna Espaço Coletivo Teatral

por Carolina Braga 01/03/2013 08:00

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Guto Muniz/Divulgação
(foto: Guto Muniz/Divulgação)
A atriz e diretora Grace Passô ainda não sabe dizer exatamente como. Mesmo assim, não tem dúvidas de que o teatro feito hoje, principalmente as encenações de dramaturgias contemporâneas, inaugura uma nova forma para o fazer cênico. “Esse é o grande desafio. Não é só o texto, mas como é fruto de uma experiência nova, consequentemente requer um mergulho para descobrir uma nova atuação”, diz. É exatamente essa a proposta que ela faz aos colegas do Grupo Teatro Invertido em 'Os ancestrais'.
 
O espetáculo, que estreia hoje no Esquyna Espaço Coletivo Teatral, tem texto e direção dela, que é uma das fundadoras do Grupo Espanca!. Conhecidos por se dedicar a processos de criação coletiva, os atores do Grupo Teatro Invertido inauguram, com a montagem, experiência diferente. Primeiro, por trabalhar com uma diretora convidada; depois, por desenvolver a peça a partir de um argumento pré-existente.
 
“Quando li, senti que tinha tudo a ver com a gente. A começar pela intensidade da provocação. É um mergulho sem rede de proteção no ofício do ator”, diz a atriz Rita Maia. Além dela, estão em cena Leonardo Lessa, Kelly Crifer, Dimitrius Possidônio e Janaína Morse. Os ancestrais parte de um desastre para falar sobre os relacionamentos humanos e também sobre a questão da propriedade da terra no Brasil.

Ao enfrentar uma situação limite, as cinco pessoas de uma mesma família são obrigadas a repensar os desejos individuais, assim como temas que dizem respeito ao convívio social. Imerso na encenação, de quebra o público também é convidado a pensar. “É uma narrativa cheia de aberturas para que cada um desenvolva uma leitura”, completa Grace. 

A plateia de 'Os ancestrais' é limitada a 60 espectadores por sessão, por causa do tamanho do galpão no qual se instala o Esquyna. Mesmo assim, a proposta da encenação requer proximidade com o espectador. O cenário é assinado por Fernando Marés, conhecido pela parceria com a Cia Brasileira de Teatro, de Curitiba. Já a ambientação sonora de Ricardo Garcia é praticamente uma instalação que dialoga fortemente com a dramaturgia da peça. “Os materiais sonoros estão encaixados no cenário, parecem vir do ambiente. As pessoas vão sentir o som que está vindo de todos os lados”, conta Rita.

Para a diretora e dramaturga, 'Os ancestrais' pode ser tomado como uma grande poesia sobre uma série de coisas, entre elas a família e a realidade do país. “Mergulhei em um universo um pouco mais ácido, portanto, o teor das palavras é também assim. Nos outros textos que escrevi, existem referências mais adocicadas. O grande desafio foi escrever essa grande poesia, com referências mais cruas do cotidiano, com palavras e situações mais ácidas da vida mesmo”, resume Grace Passô.

OS ANCESTRAIS
Hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 20h, espetáculo com o Grupo Teatro Invertido
Local: Esquyna Espaço Coletivo Teatral
Endereço: Rua Célia de Souza, 571, Sagrada Família
Contaro: (31) 9305-3293
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Até dia 24

O GRUPO
A nova montagem é a sexta da trajetória do Invertido, fundado em Belo Horizonte em 2004. Ao longo da carreira, a companhia, que tem no currículo desde montagens de rua (Nossa pequena Mahagony) e também para espaços alternativos (Medeiazonamorta) tem se interessado pelas experimentações teatrais que envolvem o sensitivo e também uma pesquisa sobre o espaço cênico.

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